quinta-feira, 16 de maio de 2024


16 DE MAIO DE 2024
POLÍTICA +

Plano de Lula para o RS é ambicioso e precisa decolar Prós e contras da escolha de Pimenta

A indicação do deputado Paulo Pimenta para o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS tem vantagens e desvantagens - para ele, inclusive.

O primeiro ponto favorável à opção do presidente Lula pelo nome de Pimenta é a intimidade que o ministro tem com o Estado. Nenhum dos outros integrantes do primeiro escalão conhece como ele a situação do Rio Grande do Sul de antes e depois da enchente.

Natural de Santa Maria, Pimenta é o único ministro gaúcho e, desde janeiro de 2023, atua no Planalto como uma espécie de embaixador do Rio Grande do Sul.

Em diferentes oportunidades, Lula chamou Pimenta de "governador paralelo", num sinal de que é ele o seu candidato ao Piratini em 2026. É esse o ponto que pesa contra Pimenta, que será o interlocutor de políticos de todos os partidos, prováveis candidatos que olham para ele de nariz torcido, já imaginando que poderá se beneficiar politicamente das obras do governo federal.

Não é o caso do governador Eduardo Leite, que sequer tem candidato a prefeito em Porto Alegre, e não pode concorrer a um terceiro mandato. Seus aliados, porém, temem que esse protagonismo de Pimenta acabe por beneficiar os concorrentes do PT na eleição municipal.

Isso é verdade, desde que as promessas saiam do papel. Para o bem e para o mal, Pimenta será a cara do governo Lula no Rio Grande do Sul. Dele será cobrado o cumprimento de tudo o que está sendo prometido. Se alguma coisa não sair como planejado, o cargo que ora parece um trampolim para o Piratini pode ser um golpe de morte na sua carreira política.

O pacote completo apresentado pelo presidente Lula na visita a São Leopoldo, a terceira desde que começou a enchente, deve ser saudado como o mais ambicioso da história do Estado. Se tudo o que Lula e seus ministros anunciaram até agora sair do papel, o Rio Grande do Sul terá o início do "Plano Marshall" demandado pelo governador Eduardo Leite e pelos líderes empresariais que cobram medidas de impacto, mas ainda faltará muito para recuperar a infraestrutura destruída.

Sempre haverá quem questione a capacidade de execução de tantas obras e programas, mas o momento é de organizar esse conjunto de informações e entender a responsabilidade de cada esfera de governo e o tempo de cada projeto.

Para os governos municipais, estadual e federal, a primeira etapa foi a de salvamento de pessoas e animais que corriam risco de vida nos alagamentos e deslizamentos de terra. As Forças Armadas, a Defesa Civil e os voluntários foram incansáveis. A segunda fase é a de cuidar dos desabrigados, garantindo a eles um teto, colchão, cobertor e roupas secas, água e comida. Nesta etapa, brotam doações do Brasil inteiro, em uma onda de solidariedade nunca vista.

Virá agora o tempo de limpar as casas, verificar o que sobrou e colocar em pé projetos de habitação que precisam ser erguidos longe das áreas de risco.

As medidas anunciadas por Lula contemplam a ajuda emergencial direta, com o Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil para quem teve a casa alagada ou destruída, a liberação de até R$ 6.220 do FGTS nos municípios em situação de calamidade, a antecipação do abono pago no mês de aniversário, a inclusão de mais pessoas no Bolsa Família, o pagamento do seguro-desemprego e a prioridade na restituição do Imposto de Renda.

ROSANE DE OLIVEIRA

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