
CEO da Fueltech
"Exportamos sete meses de estoque antes do tarifaço", diz CEO de indústria do RS com sede nos EUA
Antecipar a exportação aos EUA do estoque disponível foi a estratégia da Fueltech, fabricante gaúcha de autopeças para veículos de alta performance, para adiar ao máximo o tarifaço de Trump. A indústria de Porto Alegre também tem sede nos Estados Unidos, cujo CEO, Anderson Dick, falou ao podcast Nossa Economia, de GZH, direto de Atlanta, onde mora.
Como as medidas de Trump estão sendo recebidas?
Aqui tem bastante bipolaridade política. Houve surpresa com as medidas drásticas, mas uma certa aceitação ainda porque há uma ótica protecionista.
Impactam o negócio de vocês?
Antes, pagávamos 2,5% de imposto de importação. Quando houve o anúncio das tarifas de reciprocidade, previmos um salto, pois se tem a ideia de que o Brasil é um dos que mais cobra imposto de importação. Então, acabamos deslocando todo o estoque possível para abastecer a unidade de distribuição aqui dos Estados Unidos antes do aumento. Trazemos injeção eletrônica para carros de competição, que vão em carro de corrida, antigo, elétrico convertido... É um computador que vai no veículo, fabricado em Porto Alegre.
O estoque segura quanto?
Em torno de sete meses. Na enchente, perdemos todo o nosso estoque, que era grande, pois foi o que nos deu vantagem mundial na pandemia por não termos falta de produto. Conseguimos nos restabelecer.
Vale a pena produzir no Brasil e exportar aos EUA?
Já acreditava e sigo acreditando que o Brasil é um dos melhores países para se produzir tecnologia. Pelo drawback, mesmo que eu tenha imposto de importação caro para matéria-prima, quando eu reexportar, terei compensação desse imposto. Isso anula o imposto da matéria-prima. Além disso, o Brasil, especialmente o RS, tem mão de obra barata e qualificada. A relação entre qualificação e preço é muito interessante.
Como é o quadro de funcionários de vocês?
Temos 250 funcionários em Porto Alegre, sendo mais de 50 engenheiros. É um desafio contratar engenheiros eficientes de alta qualidade no mundo. E o custo de um operador de máquinas aqui nos Estados Unidos é de três a cinco vezes maior do que no Brasil.
Cogitam levar a fabricação a outro lugar?
Brasil também tem a favor a segurança de informação e tecnologia. Empresas que fabricam na China sofrem muito com cópias, com a própria empresa fazendo o produto em outro turno para vender como pirata. É um dos fatores para nunca querermos fabricar na Ásia.
E para os Estados Unidos, como Trump quer?
Os 10% que ele estabeleceu são muito menores do que esperávamos. Não faz sentido montar estrutura aqui e até nos animou de certa forma. Nossos concorrentes são feitos na China, praticamente invalidados pela taxação, ou na Europa, que passou de 2,5% para 20%, enquanto passamos a 10%. A Austrália tinha isenção e passou a 10%, como nós. Não tivemos prejuízo e estamos com estoque. Então, só se o governo Trump der incentivos para trazer produção.
Olhando o risco de desaceleração da economia global, seria ruim?
É difícil projetar, mas sendo essa uma hipótese, se a economia frear mundialmente, vai ser pior para todos. Ponto. Mas por enquanto nossas vendas subiram de 20% a 30% aqui, a economia não parou e, para nós, aqueceu. Só não sabemos se é medo de ficar sem produto ou de o custo subir. _
Uma nova marca com quatro supermercados
Uma nova bandeira de supermercado dá a largada com quatro lojas. A primeira unidade da Fresco foi inaugurada em Viamão na última quarta-feira, no bairro Esmeralda. A cidade terá mais duas operações e a quarta ficará em Porto Alegre.
As lojas se chamavam Beck Supermercados e integravam a Redefort. Agora, passam a ser a nova rede, a Fresco Supermercados. Os proprietários, Marcos Becker e Silva Leite, atuam no setor desde 2000, com matriz em Porto Alegre.
A primeira loja nova tem 600 m² de área de vendas e foi projetada pela Masterplann Arquitetura, que tem clientes como Bistek, UniSuper e Baita Super. O investimento foi de R$ 2 milhões, com 60 empregos. A rede tem 200 trabalhadores atualmente.
- A nova marca foi desenvolvida pela agência Akau e o nome reflete o propósito da operação: a excelência nos produtos perecíveis. Produtos frescos todos os dias! - diz Eduardo Silva, proprietário da Masterplann Arquitetura. _
Sobre falta de mão de obra, o presidente da Federasul, Rodrigo Costa, entende que empresas terão cada vez mais de ter mecanismos de participação no lucro e demais resultados para atrair e reter funcionários. A coluna reflete se as que já têm essa divisão anual não terão de fazer mais seguido.
Com 59 anos de mercado, o Grupo Solar lançou a marca Uêvo, que faz barrinhas de proteína de ovo em pó. Com R$ 18 milhões, foi montada uma linha de produção no complexo industrial em Salvador do Sul. O diretor Anderson Herbert garante que não têm gosto de ovo e que são saborosos.
GIANE GUERRA
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