terça-feira, 22 de abril de 2025


22 de Abril de 2025
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Papa Francisco morre aos 88 anos

Roma

Primeiro latino-americano a comandar a Igreja Católica, o Pontífice morreu em razão de um acidente vascular cerebral e de insuficiência cardíaca. Morte encerra período de 12 anos marcado pela popularidade do sacerdote e por reformas, mas também pela resistência de setores a seus projetos

Chegou ao fim o pontificado do primeiro latino-americano a comandar a Igreja Católica. O Vaticano informou, ontem, a morte do 266º papa da história, Francisco, aos 88 anos.

De acordo com a certidão médica que atestou a morte do líder religioso, Francisco sofreu um AVC, entrou em coma e teve um colapso cardiocirculatório irreversível às 7h35min, pelo horário de Roma (2h35min em Brasília).

O argentino Jorge Mario Bergoglio havia sido internado em fevereiro em decorrência de uma bronquite. Depois de 37 dias hospitalizado, recebeu alta e se recuperava no Vaticano. No domingo, Francisco fez sua última aparição pública, dando a bênção Urbi et Orbi a fiéis que acompanhavam as celebrações da Páscoa na Basílica de São Pedro.

A morte do argentino encerra um pontificado de 12 anos, marcado pela popularidade do Papa entre os fiéis, mas também pela resistência dentro de setores da própria Igreja a seus projetos de reformas.

Assim que foi eleito, em 13 de março de 2013, Francisco mostrou seu desejo de ruptura ao aparecer na varanda da Basílica de São Pedro sem nenhum ornamento litúrgico. O jesuíta sorridente e de linguajar franco representava um contraste com o tímido Bento XVI, que havia renunciado em 11 de fevereiro daquele ano.

Provavelmente, naquele ponto, o novo papa já tinha em mente algumas das principais propostas para a Igreja Católica: a reforma da Cúria (o governo da Santa Sé), corroída pela inércia, e a correção nas finanças do Vaticano.

O ex-arcebispo de Buenos Aires, que nunca fez carreira nos corredores de Roma, queria também "pastores com cheiro de ovelha" para devolver o dinamismo a uma instituição cada vez menos presente e superada em muitas regiões pela vitalidade dos cultos evangélicos. Desde então, as pregações deste crítico do neoliberalismo destacaram reivindicações por maior justiça social, proteção da natureza e defesa dos migrantes que fogem das guerras e da miséria.

A Igreja agora questiona quem será o sucessor de Francisco, que, apesar da idade avançada e do estado de saúde frágil, comandou mais de 1,3 bilhão de católicos na última década.

A vida de Bergoglio

Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro 1936, Jorge Bergoglio é filho de um italiano que emigrou de Turim, na Itália, para a Argentina, onde teve cinco filhos. Formou-se técnico químico, mas em 1958 entrou para a Companhia de Jesus e iniciou a preparação para o sacerdócio.

De 1964 a 1965, ensinou Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, lecionou as mesmas matérias no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970, estudou e se formou em Teologia. Em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote.

Desde o início, já era visto como um religioso em ascensão. De 1973 a 1979, serviu como o provincial dos jesuítas na Argentina. Em seguida, em 1980, tornou-se o reitor do seminário no qual tinha se formado.

Bergoglio foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e depois sucedeu o cardeal Antonio Quarracino, em 1998. Em 2001, foi nomeado cardeal por João Paulo II, que o designou à igreja romana que leva o nome do lendário jesuíta São Roberto Belarmino.

Em 13 de março de 2013, foi eleito o 266º Papa. Escolheu o nome de Francisco, em referência a Francisco de Assis, santo padroeiro dos pobres.

Bergoglio levou novos ares a Roma: optou por viver em um apartamento sóbrio, rejeitando o suntuoso Palácio Apostólico, e frequentemente convidava à mesa moradores em situação de rua ou presidiários. Um estilo que também rendeu críticas de setores que viam nele uma dessacralização das funções papais.

Periferias

Enquanto papa, Bergoglio manteve a atuação, apesar dos mais de 80 anos e do estado de saúde frágil, que o obrigaram a usar uma cadeira de rodas a partir de 2022. Em meio às dificuldades de saúde, seguiu privilegiando missões nas periferias do leste da Europa e na África, com mais de 40 viagens ao Exterior. No Brasil, esteve em 2013.

Durante seu pontificado, Francisco também chegou a um acordo inédito com o regime comunista chinês, em 2018, sobre a espinhosa questão da nomeação de bispos na China. A diplomacia da Santa Sé também colaborou para a histórica aproximação entre Cuba e os Estados Unidos em 2014. 

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