Estado precisa de abrigos para proteger vítimas da violência
Nossa indignação com o assassinato de nove mulheres (uma delas adolescente) no fim de semana da Páscoa não leva a lugar algum. Lamentamos, xingamos os covardes que matam suas companheiras e pedimos penas rigorosas para os que não cometem suicídio depois do crime, mas e daí? A preocupação precisa ser em como evitar que mais mulheres e meninas morram pelas mãos de homens insanos.
No Gaúcha Atualidade de ontem, a delegada Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher da Polícia Civil, chamou atenção para a necessidade urgente de o Estado dispor de um abrigo para garantir a segurança de mulheres. As cidades maiores têm abrigos em locais seguros, mantidos no anonimato, mas o que fazer com as do Interior ou mesmo da Região Metropolitana? A resposta não pode ser simplesmente tirar o agressor de casa ou transferi-las para a casa de parentes, porque a mulher continuará vulnerável.
O Estado precisa dar um destino correto a prédios públicos que estão desocupados e podem ser transformados em abrigos, como fez durante a enchente com a Casa Violeta, que funcionou por um ano. Ali, mulheres em situação de vulnerabilidade ganharam um lar com quartos individuais, refeitório, área de lazer e espaço para as crianças estudarem. Por que não usar a Casa Violeta como exemplo?
Qualificação é o próximo passo
A coluna conversou com quatro secretários de Estado envolvidos de alguma forma com o tema da violência contra mulheres. Sandro Caron (Segurança), Fabrício Perucchin (Justiça), Beto Fantinel (Desenvolvimento Social) e Paula Mascarenhas (Relações Institucionais) concordam que a falta de abrigos é um problema a ser resolvido com urgência.
Esse seria o primeiro passo. O próximo é oferecer qualificação às mulheres e creche para as crianças para que tenham independência econômica. Não é tarefa para uma secretaria só. Precisaria ser uma política de Estado. Nessa hora, se percebe a falta de uma secretaria para as mulheres, coordenando o mutirão, ouvindo vítimas e propondo alternativas. _
Arrasado pela enchente, Passo de Estrela vai mudar de lugar
Aquele pedaço de terra conhecido como Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, devastado pela enchente de maio do ano passado, vai virar parque, para que ninguém mais construa uma casa que pode ser sentença de morte. Os moradores que sobreviveram serão transferidos para um bairro planejado, a mais ou menos três quilômetros de distância e sem risco de serem engolidos pela fúria do Rio Taquari.
O governador Eduardo Leite esteve ontem em Cruzeiro. A proposta é transformar o local, que será doado ao Estado, em um espaço resiliente, utilizando soluções como biovaletas e jardins de chuva.
Leite também anunciou a contratação de 97 casas definitivas para o bairro São Gabriel, a liberação de convênio para infraestrutura no bairro Rosa e a abertura da via que irá ligar o Novo Passo de Estrela ao parque. Os investimentos previstos somam R$ 122,8 milhões. _
MST começa marcha para pedir terras improdutivas
Dezenas de pessoas ligadas ao MST saíram de São Jerônimo na manhã de ontem em direção a Porto Alegre, em uma marcha para demandar terras improdutivas para assentamentos da reforma agrária. Com o slogan "Para o Brasil alimentar, reforma agrária popular", o grupo prevê concluir o trajeto em 10 dias.
O percurso de cerca de 90 quilômetros é feito em sua maior parte pela BR-290.
O pleito é para o governo estadual indicar áreas usadas para pesquisas e que atualmente estão sem uso para instalação de trabalhadores rurais sem terra. Um dos lugares demandados é o antigo horto florestal da CEEE, em Triunfo. _
Vereadora ataca papa Francisco
Vereadora eleita com a bandeira do conservadorismo, a policial penal Mariana Lescano (PP) inundou seu Instagram de postagens e comentários agressivos ao papa Francisco depois da morte dele.
Nas publicações, ela fala em comunismo infiltrado na Igreja e outras bobagens. Ainda escreve como se fosse senhora das verdades do cristianismo: "Que o próximo Papa seja um verdadeiro pastor. Conservador, fiel à tradição, corajoso. Que limpe os altares da contaminação ideológica e traga de volta a força espiritual que a Igreja tanto precisa". _
Pimenta reage a ofício de Leite à Casa Civil
O ofício encaminhado pelo governador Eduardo Leite no dia 17 de abril ao ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, pedindo a liberação imediata de R$ 3 bilhões para os projetos de proteção contra cheias provocou indignação no Planalto.
No ofício, Leite menciona uma resolução publicada no dia 15 que estabelece diretrizes para a aplicação dos recursos e afirma que a liberação a é "etapa imprescindível" para o lançamento das licitações.
- Fizemos uma reunião e ficou definido que o governo contrataria a atualização de projetos básicos do arroio Feijó e do dique de Alvorada. Depois disso é que o recurso será liberado. Não existe previsão de antecipação de recurso nenhum. A resolução é sobre a transferência na hora em que for feito o pagamento. Isso é escandaloso, é brincar com a inteligência das pessoas - disse o ex-ministro da Reconstrução, o deputado federal Paulo Pimenta.
Em resposta, o chefe da Casa Civil do Estado, Artur Lemos, afirmou que Pimenta "busca politizar tema em que somente o esforço conjunto trará os resultados esperados". _
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