
Morreu um homem bom, que arejou a Igreja Católica
Estive a menos de dois metros do papa Francisco há um ano, quando cobri a viagem do governador Eduardo Leite à Itália e à Alemanha. Ele passou pelos fiéis no "papamóvel", abençoando terços e distribuindo sorrisos. Havia gente de diferentes partes do mundo na Praça de São Pedro naquela manhã de primavera em que Leite participou da audiência coletiva para convidar o Papa a visitar o Rio Grande do Sul nos 400 anos das Missões Jesuíticas.
Leite e os integrantes da comitiva que conseguiram falar com o Papa e entregar presentes saíram encantados com a simpatia e o carisma.
Antes da audiência, sob um toldo no alto da escadaria, dirigiu uma mensagem aos fiéis sobre a importância da temperança, em italiano, português e espanhol. Tradutoras leram o mesmo texto em francês, inglês, alemão e árabe.
O Papa ainda rezou pelos povos de países que sofrem com as guerras, citando especificamente sua preocupação com "a Terra Santa", Palestina, Israel e Ucrânia. Disse que não podia deixar de pensar nos prisioneiros de guerra, que sofrem com a tortura, e pediu que sejam liberados.
- A tortura é uma coisa brutíssima. Não é humano - sintetizou.
Os jornalistas e a maior parte da comitiva ficaram em pé, junto a um dos cercadinhos que formam o corredor por onde o Papa circula antes da missa. Com o terço em uma das mãos e o celular em outra, a multidão aglomerada junto às grades queria levar para casa uma imagem do homem que não figurava entre as apostas para suceder Bento XVI, mas acabou sendo escolhido e nunca mais conseguiu voltar a Buenos Aires.
Desde que assumiu o trono de São Pedro, Francisco fez uma pequena revolução na Igreja Católica. Começou por simplificar as vestes, se aproximar dos rejeitados e reconhecer o direito dos gays de frequentarem a igreja. Morando na Casa Santa Marta, fazia as refeições no mesmo refeitório dos outros hóspedes e encantava quem dele conseguia se aproximar.
O jornalista Daniel Scola foi um deles. Anos depois de ter anunciado na Rádio Gaúcha que "o papa é argentino", Scola foi ao Vaticano em uma viagem particular. Convidado a jantar com o padre Antônio Hoffmeister, se surpreendeu ao ver o Pontífice e, ao final, conseguiu contar que tinha se curado de um câncer, mostrou fotos da família e voltou com uma foto como recordação. _
Aliás
Nas mensagens dominicais, o papa Francisco sempre fez apelos pela paz, condenou guerras, massacres e desrespeitos aos direitos humanos. Ganhou o carimbo de comunista por pregar igualdade, respeito e o combate à violência. Mesmo com a saúde frágil, correu o mundo pregando o diálogo inter-religioso. Seu perfil guarda mais semelhança com o de João Paulo II do que com o de Bento XVI.
O papado de Francisco também foi marcado pela preocupação com as mudanças climáticas e o ambiente. Foram frequentes seus apelos por cuidado com a "casa comum" e por medidas concretas para a preservação da natureza.
Francisco poderia visitar o Estado no final do ano
O cardeal arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, mantinha conversas com o papa Francisco para uma possível visita do Pontífice ao Rio Grande do Sul no final do ano. A viagem seria em outubro ou novembro deste ano e faria parte das comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas.
As tratativas foram reveladas por dom Jaime ontem, em uma "inconfidência" ao final da missa em tributo a Francisco, na Catedral Metropolitana.
A celebração reuniu autoridades como o governador Eduardo Leite, que participou ao lado do marido, Thalis Bolzan. No ano passado, Leite esteve no Vaticano e convidou o Papa a visitar o Estado nos 400 anos das Missões. _
Licença sem renúncia
Está em curso uma articulação na Câmara de Porto Alegre para permitir que vereadores se licenciem para assumir cargos de deputado ou senador sem perder o mandato.
O tema é objeto de projeto de resolução formulado pela Mesa Diretora. A medida é direcionada a vereadores que concorrerem à Câmara dos Deputados ou à Assembleia Legislativa e fiquem na suplência. A presidente da Casa, Comandante Nádia (PL), diz que o pedido partiu de diferentes partidos e será discutido com os líderes de bancadas. _
Apoio de Leite e paz no MDB ajudam Gabriel
Projetada desde a eleição de 2022, a candidatura de Gabriel Souza ao Palácio Piratini vem sendo sedimentada com a superação de conflitos internos no MDB e gestos do governador Eduardo Leite.
Além de anunciar publicamente que Gabriel é seu candidato à sucessão, Leite admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado, o que daria corpo à chapa do aliado. Além disso, a provável migração do tucano ao PSD garantiria a Gabriel o apoio de uma legenda com tempo de propaganda igual ao do MDB.
No partido de Gabriel, os ânimos arrefeceram e não há gestos de oposição ao vice-governador, que evitou o revanchismo. A relação com o prefeito Sebastião Melo está pacificada, e o partido conseguiu costurar o retorno do suplente Tiago Simon à Assembleia. Ambos haviam apoiado Onyx Lorenzoni, contra Leite e Gabriel, em 2022. _
Credencial governista
A despeito da construção política, Gabriel tem ciência de que ainda é desconhecido da maioria dos eleitores. Por isso, aposta no desempenho do governo para deslanchar.
Pesquisas internas mostram que a gestão é mais aprovada do que rejeitada, e a aposta é de que os números melhorem ao longo dos próximos meses, quando se intensificarem os investimentos.
Nas rodovias, por exemplo, há previsão de início de 16 lotes de obras ainda neste ano e os outros seis em 2026, fechando intervenções em mais de mil quilômetros. _
Aliança inédita
Embora a discussão sobre coligações ainda esteja distante, o grupo de Gabriel Souza vai trabalhar pela formação de uma aliança inédita reunindo MDB, PP e PDT. Os três maiores partidos do Estado nunca estiveram na mesma chapa na corrida ao Piratini.
Juntos, os três têm 340 prefeitos, o que equivale a governar mais de dois terços dos municípios.
Prestes a ampliar a participação no governo, líderes do PDT demonstram disposição integrar a chapa. No PP a decisão sobre alianças deve ficar para 2026. _
Racha no PSB gaúcho
Às vésperas do congresso estadual, marcado para sábado, o PSB gaúcho vive um racha interno. O encontro foi chamado para a escolha da nova direção partidária e deve referendar a manutenção do atual grupo, do qual fazem parte os deputados Elton Weber e Heitor Schuch.
No entanto, uma ala lançou manifesto apontando irregularidades e avisando que pedirá a impugnação do congresso à direção nacional. Entre os signatários do documento, estão o ex-deputado Beto Albuquerque e o ex-vice-governador Beto Grill.
Se a decisão for por anular o congresso, o diretório nacional poderá intervir no Estado e nomear uma comissão provisória. Esse é o desejo da ala oposicionista, que prega a saída do governo Eduardo Leite e uma defesa mais enfática da gestão Lula/Alckmin no partido. _
mirante
Diante do luto pela morte do papa Francisco, a Assembleia Legislativa transferiu de hoje para o dia 30 de abril a sessão solene de comemoração do aniversário de 190 anos.
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