
Lula fez o que tinha de ser feito no INSS; e não é o bastante
Era tão insustentável a situação do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acertou ao, formalmente, pedir sua demissão. Isso não é prejulgamento.
Uma fraude bilionária, em qualquer segmento de governo, é um escândalo grave. Quando afeta uma camada menos privilegiada da população, ainda mais. E ganha contornos dramáticos por envolver o setor que mais tem demandado recursos públicos, absorvendo recursos de outros. Conforme as investigações da Polícia Federal (PF), havia desconto de mensalidades sobre os benefícios do INSS com valor estimado em R$ 6,3 bilhões.
Ainda seria conveniente que Lula convocasse rede nacional para dar satisfação a todos os cidadãos, lesados indiretamente, e principalmente aos diretamente atingidos, que ainda não têm perspectiva de receber a quantia que foi irregularmente retirada. O gráfico (acima à direita) mostra que, embora os valores equivalentes aos descontos viessem crescendo ao menos desde 2016, passaram à casa do bilhão nos dois anos de seu governo.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi vago sobre a possibilidade de restituição aos beneficiários do INSS lesados, ao dizer que "esse dinheiro, um dia, terá de ser restituído". Embora se entenda que isso não pode ser feito do dia para a noite, "um dia" é uma expressão vaga e pouco empática diante da gravidade do caso. Conforme Marques de Carvalho, da CGU, seria "precipitado" dizer que o escândalo soma R$ 6,3 bilhões. No entanto, ele mesmo afirmou que, em uma amostra de cerca de 1,3 mil benefícios, foi constatada fraude em 98% dos casos. _
Qual era a base teológica para o humor do Papa
Os relatos sobre a hospitalização do papa Francisco que antecedeu sua morte eram cheios de humor. Os médicos contaram que, ao dar um "bom dia, santo padre", ouviam com frequência a resposta "bom dia, santo filho". Em seu pontificado, houve encontro de humoristas na Santa Sé. Poucos dias antes de "voltar à casa do pai", como o Vaticano anunciou, o papa Francisco respondeu ofegante a uma pergunta sobre "como vivia" essa Páscoa de provação.
- Vivo como posso - sintetizou, unindo a resposta óbvia que fez sorrir, não sem certa dor, à curta e mais indicada em sua condição.
A disposição para gracejos tinha uma espécie de base teológica. Ele dizia que se inspirava em uma oração de São Thomas More:
"Senhor, dai-me uma boa digestão, mas também algo para digerir. Dai-me a saúde do corpo, com o bom humor necessário para mantê-la."
Antes de ser canonizado, Thomas More foi lorde chanceler (espécie de primeiro-ministro com menos poder) de Henrique VIII, rei da Inglaterra que garantiu sua sucessão à custa de decapitações em série - inclusive a do futuro santo.
Na série de "bromas" (uma versão de "piada" em espanhol), uma das mais notáveis foi feita do balcão do Vaticano no qual costumava rezar o Angelus. Com uma caixinha imitando embalagem de remédio na mão, "receitou" Misericordina, que faria bem "ao coração, à alma e para toda a vida". Como muitos complementos vitais, alguns nascem sem humor nem misericórdia - ou as perdem ao longo da vida. Seria ótimo se Francisco tivesse inventado uma versão sintética para ambos. _
Trump cede, dólar cai
Depois de cair até R$ 5,65 no início da manhã de ontem, o dólar recuperou o fôlego e fechou com variação para baixo de 0,16%, para R$ 5,718. Na véspera, a ofensiva de Donald Trump contra o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, havia feito a moeda americana perder força ante várias outras, inclusive o real. Por isso, o recuo desta quarta-feira fez a cotação desacelerar menos.
Antes de ceder, Trump teria recebido "sinais inquietantes" tanto sobre os símbolos do poder econômico do país quanto de risco para a cadeia produtiva americana com as tarifas. Na terça-feira, ele também havia dito que os atuais 145% de tarifa contra a China representam patamar "muito elevado", que "vai cair substancialmente". Mas, a cautela persiste, à espera da confirmação de tarifa menor. Ontem, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que precisará haver redução de taxas de ambos os lados.
Os principais índices da bolsa de Nova York fecharam menos animados do que abriram: 1,1% no DJIA, o mais tradicional, e 1,7% no S&P 500, o mais abrangente. A bolsa de tecnologia Nasdaq subiu 2,5%. _
História centenária vira filme
A história da Gerdau, gigante de 124 anos com raiz gaúcha, será exibida em cinema de Porto Alegre. O documentário Moldados como Aço aborda desde a origem da siderúrgica, em uma pequena fábrica de pregos fundada pelo imigrante alemão Johann Gerdau em Porto Alegre, até sua consolidação.
A estreia está marcada para hoje. A primeira sessão será só para familiares, funcionários e convidados. O público poderá conferir o documentário em todos os sábados de maio, às 18h, em uma sala de cinema da Capital. O local será definido nos próximos dias. Também já está disponível gratuitamente no canal da Gerdau no YouTube. _
com João Pedro Cecchini
Nenhum comentário:
Postar um comentário