
Uma fraude covarde
Não faltam aspectos chocantes no esquema de fraudes nos descontos de pagamentos a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), alvo de uma operação conjunta da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) na quarta-feira. Entre eles está a estranha leniência da própria autarquia com irregularidades que não eram nenhuma novidade. Também demorou uma providência dos órgãos de controle para apurar o descalabro e investigar condutas - ações e omissões.
Mas passou o tempo - todo o restante do governo Jair Bolsonaro e uma parte da gestão Luiz Inácio Lula da Silva - e os desfalques nos benefícios não apenas continuaram como cresceram, em especial nos últimos dois anos. De acordo com a investigação, foram descontados entre 2019 e 2024 cerca de R$ 6,3 bilhões - em 97% dos casos, os descontos não foram autorizados. A apuração da CGU começou em 2023.
Essa é outra faceta revoltante a demonstrar a covardia do esquema. Era direcionado a alvos com reduzidas chances de se desvencilharem do golpe e que dependem de um benefício modesto, em idade avançada, para tentar viver de forma digna, driblando os altos custos de alimentação e de remédios. De acordo com o INSS, 28,68 milhões de brasileiros, 70,5% do total dos aposentados e pensionistas do instituto, ganham até um salário mínimo por mês.
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