
É preciso vigiar o trilhão da previdência
A coluna vem insistindo que o escândalo da fraude nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não é "apenas" mais um - com todo o constrangimento que deveria ser para todos o uso da palavra entre aspas. As despesas com previdência social são as maiores entre todas as demais primárias - isso quer dizer que só perde para o desembolso com os custos da dívida, não contabilizados como gasto primário, os que importam para o cálculo da meta do equilíbrio fiscal.
Para este ano, o orçamento previsto para a área é de R$ 1,07 trilhão. Sim, tri, grandeza só comparável a PIB de países ou valor de mercado de big techs. E só nos últimos cinco anos, aumentou 35,2% - isso depois de aprovada uma reforma previdenciária que deixou milhões de brasileiros sem perspectiva de aposentadoria no curto prazo.
Para dar uma ideia mais precisa, neste ano o total do orçamento primário - sem contar o custo da dívida - é de R$ 2,2 trilhões. Isso significa que os gastos previdenciários previstos em R$ 1,07 trilhão correspondem a quase metade do total (48,6%). Isso significa que sobra metade para todas as demais áreas, incluído o custeio da máquina pública não diretamente relacionada.
E esse valor estratosférico ainda está sob escrutínio, porque nos últimos anos o valor desembolsado tem sido maior do que o previsto no orçamento. Além disso, no ano passado, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS, focado nos trabalhadores do setor privado) teve resultado negativo de R$ 297,389 bilhões, conforme dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
Essa situação faz com que vários especialistas em previdência diagnostiquem que o Brasil vai precisar de uma nova reforma previdenciária, ainda mais severa do que a anterior. Por isso, escandaliza a gestão frouxa - para dizer o mínimo - dessa área com gastos tão estratosféricos e aplicação tão vital - a sobrevivência de dezenas de milhões de brasileiros depende dos benefícios.
O esquema de fraude vai custar bilhões extras. A estimativa dos descontos feitos de forma irregular varia de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões. Até agora, foram apreendidos bens avaliados em R$ 2 bilhões. Sem considerar eventual diferença entre avaliação e efetiva reposição, além de custos embutidos na venda, foi criado novo buraco de "poucos bilhões" (outro absurdo) em um rombo de muitos bilhões. _
Crédito rende vaga
No ano em que chegou perto de R$ 6 bilhões em financiamentos, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) ajudou a gerar 90.351 postos de trabalho nos quatro Estados onde atua - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que são acionistas da instituição, e Mato Grosso do Sul.
Conforme esse cálculo de impacto, o volume de investimentos com participação do BRDE no RS em 2024 (R$ 2,2 bilhões) gerou 36.348 empregos diretos e indiretos. A estimativa é feita com base na matriz insumo- produto para definir padrões de impactos diretos, indiretos e induzidos (efeito-renda).
Para o diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, os indicadores ilustram o efeito dos projetos estratégicos que passam pelo banco para o fortalecimento econômico da região.
No RS, os projetos apoiados pelo BRDE somaram R$ 287 milhões ao recolhimento de ICMS em 2024, alta nominal de 25% ante 2023. _
Entre trégua nas tarifas e perspectivas negativas
Com queda acumulada de cerca de 2% frente ao real na semana, o dólar fechou com oscilação para baixo de 0,08%, para R$ 5,687, na sexta-feira, a sexta baixa consecutiva.
Uma perspectiva de alívio na guerra comercial entre EUA e China fez a moeda americana perder força. Donald Trump havia declarado que pretendia reduzir "substancialmente" as tarifas aplicadas ao gigante asiático, que hoje chegam a 145%. A China chegou a negar negociações, mas admitiu isentar alguns produtos americanos.
Apesar de sinais dos dois lados de arrefecimento na guerra comercial, as informações ainda não foram oficializadas, e há perspectivas conflitantes, freando maior apetite ao risco - o que ajudaria uma maior valorização do real frente ao dólar.
Nos EUA, começou a temporada de apresentação de balanços do primeiro trimestre, e empresas como American Airlines e Procter & Gamble (Pampers, Ariel, Downy) estão dando más notícias - embora sejam as esperadas: queda na demanda e risco de aumento de preços. A crise aberta pelo tarifaço troca de epicentro: do mercado financeiro para os resultados corporativos. _
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