sexta-feira, 28 de dezembro de 2012



28 de dezembro de 2012 | N° 17296
FALTA DE LUZ

Dilma duvida que raio cause apagão

Presidente diz que argumento é risível, aponta para falha humana e considera ridículo falar em risco de racionamento no país

Nem raios nem falta de investimento. Para a presidente Dilma Rousseff, os apagões que têm deixado diferentes Estados às escuras por horas são resultado de falha humana.

Ontem, Dilma admitiu ainda que, apesar dos investimentos em produção e transmissão, houve redução nos gastos com manutenção.

– Se falarem para vocês que é raio, gargalhem. Cai raio todo dia neste país. Raio não pode desligar o sistema, se desligou é falha humana – afirmou a presidente ontem em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

Desde 1999, apagões que deixam vários Estados sem luz por horas são atribuídos a raios. O mais recente, em 15 de dezembro, atingiu as regiões Sudeste e Sul. Na semana seguinte, Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e Ildo Grüdtner, secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, disseram que raios podem ter causados apagões recentes.

A presidente admitiu, contudo, que houve nos últimos anos redução dos investimentos manutenção, apesar do crescimento em transmissão e produção. Disse que a questão não é política, mas de regulamentação do setor.

Dilma ainda disse considerar “ridículo” falar em risco de racionamento de energia no Brasil. Mas afirmou que há cerca de 3 mil quedas de energia por ano que as pessoas nem ficam sabendo e admitiu que, com o tempo, o sistema fica cada vez mais sujeito a estresse.

Sobre se Mantega pode sair: “não há a menor hipótese”

Em meio à descontração em reação a um blog do jornal britânico Financial Times em que coloca Dilma como uma rena apelidada de Roussolph e Guido Mantega como um elfo (confira quadro ao lado), a presidente fez questão de enfatizar que não há “a menor hipótese” de seu ministro da Fazenda deixar o governo.

– A não ser que ele queira – ressalvou Dilma, embora desconversando sobre mudanças em seu ministério – Não quero (que ele saia) e, posto que sou eu quem decide, não há a menor hipótese dele sair do governo.

Dilma demonstrou otimismo com o país, afirmando que o Brasil vai “crescer mais” em 2013, a inflação “vai continuar” sob controle e o déficit das contas públicas será “decrescente”. Mas essa confiança não é traduzida em números. A presidente evitou fazer qualquer projeção sobre indicadores econômicos.

– Não faço previsão ou esse tipo de conta – resumiu.

Também se recusou a falar sobre o rumo da taxa básica de juro, a Selic, assim como o nível considerado ideal para a taxa de câmbio no país.

– Não me manifesto quanto a juros e, tampouco, câmbio. Eu nasci há 65 anos – acrescentou.