quinta-feira, 27 de dezembro de 2012



Dilma é rena do nariz vemelho em conto de Natal do 'FT'

Publicação britânica ironiza política econômica brasileira e coloca México no lugar do Brasil entre emergentes do primeiro time

Dilma Rousseff e Guido Mantega são personagens centrais do conto de fim de ano de um dos blogs do jornal britânico Financial Times (Roberto Stuckert Filho/PR)

A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, são personagens centrais do conto de fim de ano de um dos blogs do jornal britânico Financial Times. No texto do "Beyondbrics', especializado em mercados emergentes, a presidente brasileira é caracterizada como uma rena, Roussolph, e Mantega é chamado de Guido, o Elfo.

O conto começa com o Papai Noel avisando a todos que a equipe do trenó será a mesma do ano passado, com exceção do representante da América Latina. "Será Peña Nieto (presidente do México), que assume o lugar de Roussolph", diz.

Ao ouvir a troca, Roussolph, indignada, pergunta para Papai Noel: "Você não pode me largar. E o meu maravilhoso nariz vermelho brilhante?" Papai Noel argumenta que esse mesmo nariz vermelho é o problema, pois crianças não confiam em socialistas. Roussolph questiona, então, a presença do líder chinês Xi Jinping, que é comunista. "Mas ele diz todas as coisas certas", retruca o bom velhinho.

Roussolph volta a argumentar. "Mas lembre-se dos meus chifres. Eles são os sextos maiores do mundo", diz, ao ser interrompida por David Camerolph, na verdade, o primeiro-ministro britânico, David Cameron. "Não são mais. É terrivelmente triste, mas esse posto é nosso", responde Camerolph.

Nesse momento, entra Guido, o Elfo. "Ótima notícia. No próximo ano, os seus chifres vão crescer um metro", anuncia o ajudante de Roussolph. "Mas como você sabe?", questiona a chefe. "Eu fiz um cálculo completo. Tenho a previsão de todos os outros elfos e multipliquei por dois", afirma. Resignada, Roussolph diz que Guido é mais persistente que um investidor em títulos argentinos e pergunta: "Por que não demito você?" Guido rebate: "Por que a The Economist disse isso a você?"

Triste com a situação, Roussolph levanta a questão: "Onde deu tudo errado, o que aconteceu com o brilhante B dos mercados emergentes, rico em recursos, amado pelos investidores e que finalmente está superando a corrupção?" Papai Noel interrompe e pergunta: "Você quer dizer a Bir...?". Roussolph se irrita: "Não. Não quero dizer a Birmânia. E a Birmânia vai sediar a Copa do Mundo?"

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Contexto - No início de dezembro, a revista The Economist dedicou três reportagens à economia brasileira, que recebeu o nada elogioso adjetivo de “moribunda”. Na reportagem intitulada “Quebra de confiança: Se quer mesmo um segundo mandato, Dilma Rousseff tem mudar a equipe econômica”, a revista literalmente “pede a cabeça” de Mantega.

“Ela insiste que é tão pragmática. Se é mesmo, deveria demitir Mantega, cujas previsões exageradamente otimistas implicaram a perda de confiança dos investidores”, diz. A Economist acrescenta: “Dilma deve designar uma nova equipe econômica capaz de conquistar a confiança do mercado.”

A presidente da República rapidamente saiu em defesa do seu governo. Um dia após reportagem ser publicada, a presidente disse que não aceitará ser influenciada pela imprensa internacional, em uma referência direta ao artigo publicado pela revista nesta quinta-feira.

No contra-ataque, Dilma afirmou que a situação econômica da zona do euro e dos Estados Unidos é muito pior que a brasileira e que, nem por isso, existe pressão para queda das cúpulas financeiras dos países desenvolvidos. “Vocês não sabem que a situação deles é pior que a nossa? Pelo amor de Deus, (é pior) desde 2008. Nenhum banco, como o Lehman Brothers, quebrou aqui. Nós não temos crise de dívida soberana, nossa relação dívida-PIB é de 35%, nossa inflação está sob controle. Temos 378 bilhões de dólares de reserva”, esbravejou.

Na acasião, a presidente, mostrando clara irritação, ainda alfinetou a publicação dizendo que "em hipótese alguma o governo brasileiro, eleito pelo voto direito e secreto do povo brasileiro, vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira”, afirmou.