ELIANE
CANTANHÊDE
Contando os
minutos
BRASÍLIA
- O ex-presidente Lula e sua pupila e sucessora Dilma não veem a hora de 2012
terminar. Foi, ou está sendo, um ano difícil.
O
mito Lula foi reforçado com a vitória de Haddad em São Paulo, mas sacudido por
meses de julgamento do mensalão e pelas condenações de Dirceu e de figuras
chaves da sua campanha em 2002 e do seu governo.
No
fim, enfrentou três ameaças ambulantes a ele e ao PT: o pivô do mensalão,
Marcos Valério, a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary
Noronha, e até o nefasto Carlinhos Cachoeira.
Valério
e Cachoeira, sobretudo, não são flores que se cheirem e o que dizem não tem lá
credibilidade. Mas também é fato que estavam perigosamente próximos do poder e,
contem mentiras ou não, sabem de muitas verdades. Se não derrubam o mito,
deixam interrogações. Bem não fazem e podem fazer muito mal à aura, à imagem.
Quanto
a Dilma: ela peitou bancos e telefônicas, reduziu IPI, recheou prateleiras de
remédios gratuitos, privilegiou professores nas negociações salariais,
estimulou decisivamente a ida de estudantes brasileiros para o exterior e
garantiu um nível de emprego invejável no mapa internacional. Não é pouco, mas
não é tudo.
Em
duas áreas fundamentais, a presidente chegou ao final do ano sob fortes
críticas e crescentes pressões: gestão (logo ela, com toda a marca e pinta de
gestora?) e política econômica (pibinho de 1%? Faça-me o favor). Derrapando em
portos, aeroportos e apagões, ela bateu na incapacidade de fazer o país
crescer. São muitas medidas no varejo e poucos resultados no atacado.
A
marca social do governo Lula e os acertos populares de Dilma mantêm a altíssima
aprovação de ambos e a expectativa de vitória em 2014. Mas não é à toa que
Aécio se mexe, o aliado Eduardo Campos se assanha, Marina Silva sai da toca e
eleitores sonham com Joaquim. No mínimo, veem espaço para alternativas.
elianec@uol.com.br