sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Jaimecimenti

2012, um ano ímpar

Como versejou Drummond, o último dia do ano não é o último dia do tempo e o último dia do tempo não é o último dia de tudo. Coragem, alegria, vamos em frente. Esse negócio de apocalipse morreu faz tempo, e o fim do mundo foi mais uma vez adiado. Hoje em dia, tudo e todos atrasam mesmo. Nenhuma novidade.

De mais a mais, bom lembrar o Mario Quintana, que disse que se esse mundo acabar, outro surgirá, qual o problema? Aliás, é bom lembrar que apocalipse significa revelação e não fim do mundo, como dizem por aí. Este 2012 foi um ano ímpar, com o perdão do trocadilho. O Supremo Tribunal Federal se transformou em nosso Maracanã e o julgamento do Mensalão ficará na história, independentemente dos previsíveis e imprevisíveis acontecimentos futuros.

O estado democrático ganhou de goleada. No Brasil, como a gente sabe, até o passado é imprevisível. Quanto ao futuro, é melhor mesmo deixar ele  pertencer a Deus e ao próprio futuro. Saber sobre o futuro não tem a menor graça. Melhor saber que a gente está vivo agorinha e que o sol não vai se atrasar nas novas manhãs. Se ele atrasar ou não aparecer, por um ou mais dias, paciência, a vida vai continuar. Não vamos pedir o dinheiro das diárias do hotel de volta.

O mar e o sol sempre vão e vêm, naquele eterno retorno, como devem ir e voltar nossos sopros e nossas esperanças. Melhor achar que o Eclesiastes, livro bíblico, precisa de uma pequena revisão. Ele diz que não há nada de novo debaixo do sol, que tudo é vaidade e vento que passa. Menos, né, Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. No ano que vem, em vez de traduzir mais uma vez a velha Bíblia, quem sabe a gente não reescreve o texto, ao menos em parte.

Com todo o respeito, claro, a todas as religiões, que não vou começar o ano arranjando estresse com tribo alguma e não pretendo pisar no manto sagrado de ninguém. Pensando bem, em 2013, a melhor maneira de ganhar as discussões, como dizem os da sábia galera zen, será não iniciar certas discussões.

Quanto às polêmicas inevitáveis, fazer o quê? Bem, dá para fazer como disse um político esses dias: precisamos nos unir, com nossas individualidades, respeitando a diversidade e a pluralidade, a bem do conjunto. Bom, deu, né? Feliz Ano Novo! 
Jaime Cimenti