Jaimecimenti
2012, um ano
ímpar
Como
versejou Drummond, o último dia do ano não é o último dia do tempo e o último
dia do tempo não é o último dia de tudo. Coragem, alegria, vamos em frente.
Esse negócio de apocalipse morreu faz tempo, e o fim do mundo foi mais uma vez
adiado. Hoje em dia, tudo e todos atrasam mesmo. Nenhuma novidade.
De
mais a mais, bom lembrar o Mario Quintana, que disse que se esse mundo acabar,
outro surgirá, qual o problema? Aliás, é bom lembrar que apocalipse significa
revelação e não fim do mundo, como dizem por aí. Este 2012 foi um ano ímpar,
com o perdão do trocadilho. O Supremo Tribunal Federal se transformou em nosso
Maracanã e o julgamento do Mensalão ficará na história, independentemente dos
previsíveis e imprevisíveis acontecimentos futuros.
O
estado democrático ganhou de goleada. No Brasil, como a gente sabe, até o
passado é imprevisível. Quanto ao futuro, é melhor mesmo deixar ele pertencer a Deus e ao próprio futuro. Saber
sobre o futuro não tem a menor graça. Melhor saber que a gente está vivo
agorinha e que o sol não vai se atrasar nas novas manhãs. Se ele atrasar ou não
aparecer, por um ou mais dias, paciência, a vida vai continuar. Não vamos pedir
o dinheiro das diárias do hotel de volta.
O
mar e o sol sempre vão e vêm, naquele eterno retorno, como devem ir e voltar
nossos sopros e nossas esperanças. Melhor achar que o Eclesiastes, livro
bíblico, precisa de uma pequena revisão. Ele diz que não há nada de novo
debaixo do sol, que tudo é vaidade e vento que passa. Menos, né, Eclesiastes,
filho de Davi, rei de Jerusalém. No ano que vem, em vez de traduzir mais uma
vez a velha Bíblia, quem sabe a gente não reescreve o texto, ao menos em parte.
Com
todo o respeito, claro, a todas as religiões, que não vou começar o ano
arranjando estresse com tribo alguma e não pretendo pisar no manto sagrado de
ninguém. Pensando bem, em 2013, a melhor maneira de ganhar as discussões, como
dizem os da sábia galera zen, será não iniciar certas discussões.
Quanto
às polêmicas inevitáveis, fazer o quê? Bem, dá para fazer como disse um
político esses dias: precisamos nos unir, com nossas individualidades,
respeitando a diversidade e a pluralidade, a bem do conjunto. Bom, deu, né?
Feliz Ano Novo!
Jaime Cimenti