terça-feira, 7 de janeiro de 2014


07 de janeiro de 2014 | N° 17666
EDITORIAIS ZH

O vestibular do trânsito

Antes mesmo da divulgação dos resultados do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já há um reprovado certo: o trânsito da Capital. Depois de uma capotagem de veículo ter forçado a opção por 15 minutos de tolerância já no primeiro dia, no Campus do Vale, ontem o fracasso das providências adotadas pelas autoridades de trânsito levou a uma postergação do horário em 20 minutos em Porto Alegre. Os vestibulandos e seus familiares, já às voltas com tantas tensões, poderiam ter sido poupados desses momentos de angústia, com o agravante de que nem mesmo quem madruga está totalmente livre dos percalços.

É conhecida a rigidez da UFRGS na exigência de cumprimento de horário por parte dos vestibulandos, muitos dos quais já perderam provas em consequência até mesmo de segundos de atraso. Quando os engarrafamentos começam a impor alterações constantes – embora, no caso, essas sejam imprescindíveis –, o risco é de que os agendamentos de compromissos passem a ser encarados como faz de conta, com prejuízo para todos.

Obviamente, o poder público tem grande parcela de responsabilidade nesses casos, pois falhou ao não prever a necessidade de infraestrutura compatível com o aumento do número de carros em circulação. O drama se intensifica quando as autoridades de trânsito não conseguem impor um mínimo de organização no caos permanente do tráfego. Mas a sociedade também precisará colaborar de alguma forma, e não apenas em situações envolvendo um aumento excepcional nos deslocamentos.

Emergencialmente, é preciso que o setor público compense o atraso em obras viárias capazes de atenuar os problemas. A médio e longo prazos, porém, só uma verdadeira mudança cultural será capaz de reverter esse quadro.