segunda-feira, 2 de outubro de 2017



02 DE OUTUBRO DE 2017

SERVIÇO

Como financiar imóveis usados após redução de teto pela Caixa


COM A QUEDA DO LIMITE de valor para até 50% na instituição, outros bancos podem virar opção

Desde o dia 25 de setembro, a vida ficou mais difícil para quem se preparava para financiar a compra de imóveis usados. Isso porque a Caixa Econômica Federal reduziu o teto de financiamento para até 50% do valor do imóvel para todas as modalidades. Em agosto deste ano, o banco já havia diminuído o teto de 80% para 60% ou 70%, dependendo da linha de crédito.

A Caixa garante que o novo limite é para as futuras operações. As propostas em análise entregues antes do dia 25 seguem nos limites antigos, caso o empréstimo seja liberado. A justificativa da instituição é frear o volume de crédito: a contratação em 2017 está cerca de 20% superior ao mesmo período do ano passado, com mais de R$ 62 bilhões emprestados até o momento. O efeito da medida promete ser forte.

- A redução do limite de financiamento deve impactar, e muito, o mercado. Hoje, a Caixa é responsável por dois terços dos financiamentos brasileiros. O mercado de usados em Porto Alegre vinha passando por um momento de retomada este ano. Há muito volume de oferta - analisa o gerente de vendas da Guarida Imóveis, Rafael Spolavori.

Mas quem planeja comprar um imóvel usado não precisa, necessariamente, congelar os planos. Outros bancos não seguiram a restrição da Caixa e seguem oferecendo financiamentos para quem tem menos dinheiro na mão para investir.

- Fortaleceu-se muito, nos últimos anos, um mito de que crédito imobiliário é só com a Caixa. E ela foi, mesmo, muito fortalecida nesse setor. Mas os outros bancos têm buscado esse cliente. E, nesse cenário, talvez nunca estiveram tão abertos para financiamentos - aposta o especialista em mercado imobiliário Marcelo Prata.

A reportagem consultou os bancos com maior patrimônio do país, segundo o Banco Central, além do Banrisul, que é do Estado, e todos oferecem financiamento de até 80% do valor do imóvel pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que rege a maioria dos financiamentos imobiliários no país com recursos da poupança ou repassados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Nos juros, entretanto, a Caixa ainda aparece como mais competitiva. Com o financiamento de até 50%, a instituição promete taxas a partir de 5%. As demais acenam com percentuais entre 9,24% e 11,4%. Mas os juros não são tudo.

- É preciso conferir nos bancos o CET (Custo Efetivo Total) para poder comparar. Ele inclui todos os custos a serem pagos no financiamento, como seguros e taxas - alerta o especialista.

SEM PRECIPITAÇÃO, ALERTAM ESPECIALISTAS

Apesar do cenário parecer desfavorável, o corte de crédito da Caixa pode vir a calhar. Principalmente se levar as famílias a pensarem melhor o próprio orçamento antes de embarcarem em um financiamento.

- É uma dívida que tem de ser muito bem pensada. Porque isso vai comprometer o orçamento por longo período, talvez mais de 30 anos - pondera o educador financeiro Jó Adriano da Cruz.

Ele acredita que pode ser uma oportunidade para as famílias repensarem onde investir o dinheiro, fazerem mais economia e entrarem no financiamento em melhores condições. O educador destaca também o movimento de melhora da economia como um sinal a ser levado em conta.

- Se não sentir confiança de ir para outros bancos, pode dar uma segurada no processo. A economia já esteve pior. Hoje, mostra tendência de crescimento. Isso pode se refletir, em seguida, em aumento nas linhas de crédito. Se a Caixa baixa o limite agora, pode subir novamente no próximo ano - diz Cruz.

leandro.rodrigues@diariogaucho.com.br


02 DE OUTUBRO DE 2017
REPORTAGEM ESPECIAL

Ao decidir comprar, é preciso colocar tudo na ponta do lápis


Especialistas em finanças pessoais sublinham que, antes de comprar um carro, é preciso acender o sinal amarelo. Segundo eles, interessados devem avaliar de maneira minuciosa se o bolso terá condições de suportar todas as despesas para colocar o veículo em circulação.

- Carro não é investimento. É gasto. Em média, um automóvel de R$ 35 mil custa de R$ 17 mil a R$ 18 mil por ano em despesas. Há gastos com IPVA, seguro, gasolina, manutenção e estacionamento, além da depreciação no valor do veículo - ressalta o economista Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Conforme o educador financeiro Adriano Severo, em média, a desvalorização anual de um automóvel novo é de cerca de 10%. No primeiro ano, diz o especialista, o índice é ainda maior - em torno de 20% - por conta de o veículo deixar de ser 0km:

- Ao sair da loja, o carro perde valor.

Severo acrescenta que é importante analisar antes da compra como e com qual frequência o automóvel será usado. Assim, destaca o especialista, o motorista poderá encontrar o carro mais adequado a suas atividades, que podem ser desde trajetos mais curtos a viagens mais longas, que pedem veículos espaçosos e, possivelmente, com preços elevados. Além disso, Severo observa que é necessário estudar diferenças entre lançamentos e modelos mais antigos:

- Se um carro de 2017 não desvalorizou muito até o momento, vale a pena gastar um pouco mais e comprar o 2018. Não compensa pagar só um pouco a menos para ter um modelo mais antigo. Do contrário, se a desvalorização foi grande até o momento, pode valer a pena gastar menos e adquirir o 2017, porque poderá haver desvalorização parecida com o 2018 - exemplifica.

BOM MOMENTO, SE NÃO COMPROMETER ORÇAMENTO

Por conta das incertezas que permanecem no cenário econômico, o diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Antônio Jorge Martins, também recomenda análise aprofundada antes das decisões. Segundo o especialista, se o interessado em ter um carro não precisar comprometer seu orçamento para pagar as despesas do veículo, é possível encontrar ofertas atraentes no mercado.

- Se a pessoa não se endividar, talvez seja um bom momento para comprar - pontua.