segunda-feira, 2 de outubro de 2017



02 DE OUTUBRO DE 2017
CLIMA

Temporal causa estragos e morte no RS

NA CAPITAL, VENTO chegou a 120 km/h. Em todo o Estado, moradias foram destelhadas, postes e árvores caíram e faltou luz


Uma morte, casas destelhadas, postes caídos e árvores sobre rodovias. Esses são alguns dos estragos causados pelo temporal que atingiu parte do Rio Grande do Sul, com rajadas de vento de 100 km/h a 120 km/h, entre a tarde e o início da noite de ontem. O caso mais grave foi registrado RS-155, entre Ijuí e Santo Augusto, no Noroeste. Albino de Jesus, 65 anos, foi atingido por uma árvore que caiu sobre o para-brisa do Siena que dirigia. A vítima, que morava em Ijuí, morreu no local. Segundo balanço da Defesa Civil estadual, divulgado às 20h30min de ontem, o temporal destruiu total ou parcialmente o telhado de ao menos 729 casas em 14 cidades.

Em Porto Alegre, a chuva durou cerca de uma hora, mas sua intensidade e a ventania foram o suficiente para causar prejuízos, principalmente na área central. Conforme o Centro Integrado de Comando (Ceic), choveu 30,6mm no bairro Tristeza, 26,8mm no Centro e 24,9mm no Sarandi. A média histórica do volume de chuva na Capital para todo o mês de outubro é de 114,3mm. Até 20h30min, a prefeitura registrava 32 ocorrências com árvores e nove de postes bloqueando vias.

A estrutura do Circo da Rússia, no bairro Praia de Belas, desabou com a força do vento. No momento, cerca de 70 pessoas assistiam ao espetáculo. Segundo a Polícia Civil, até o momento, não há registro de feridos em razão da queda da cobertura. Chapas de metal retorcido, lona no chão, pedaços da estrutura elétrica espalhados pelo terreno e funcionários abalados com o susto marcavam o cenário ontem. Um dos donos do circo passou mal e foi encaminhado a um hospital.

Thamiell Ferrare, 29 anos, gerente-geral da atração, disse que a estrutura metálica que sustentava a cobertura caiu aos poucos, o que permitiu a saída das pessoas antes do desabamento total:

- Foi questão de dois, três segundos e a estrutura começou a cair. Foi tudo muito rápido. Quando começou a balançar, pedimos para o pessoal sair. Graças a Deus ninguém se feriu gravemente.

RODOVIAS BLOQUEADAS E EVENTOS INTERROMPIDOS

O Ginásio da Brigada Militar (BM), no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Rua Silva Só, teve metade seu telhado arrancado. No centro da quadra de futebol de salão, pedaços de madeira, telhas e tijolos ficaram espalhados. No momento do incidente, estava no local apenas o sargento Eder Escobar, 49 anos, que não se feriu.

- Veio uma rajada bem mais forte que levantou uma parte do telhado. Ele levantou e depois foi abaixo todo - descreveu.

A BM acionou a EPTC para isolar trechos das vias no entorno.

- No lado da Silva Só, porque ficou uma parede alta sem sustentação. Também tem que isolar um pedaço da Ipiranga, pois um novo vento pode fazer a parede cair - alertou o policial militar.

Ao longo da Ipiranga, no sentido centro-bairro, era possível ver o rastro de danos. Perto do cruzamento com a Rua Vicente da Fontoura, um outdoor de uma revenda de veículos caiu sobre uma casa, que estava vazia. Dono da residência, o aposentado Mario Souza, 64 anos, que mora com a mulher e um neto no imóvel, estava em Canoas:

- Ainda bem que não tinha ninguém dentro da casa quando a placa desabou. Caiu bem no local onde costumo deixar meu carro.

A tempestade interrompeu o Concerto de Primavera da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), que era executado no anfiteatro do Jardim Botânico. Parte do palco e uma tenda cederam. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, ninguém se feriu.

Em São Luiz Gonzaga, a Expo São Luiz, feira que realizaria seu último dia ontem, foi interrompida, conforme o Corpo de Bombeiros. Moradores de Cruz Alta registraram imagens de pavilhões destruídos na FenaTrigo. Em Panambi, bombeiros distribuíram lonas por conta de destelhamentos.

A chuva ainda causou transtornos em rodovias. As 23h de ontem, pontos da BR-290, em Pântano Grande, estavam bloqueados.

anderson.aires@zerohora.com.br