quarta-feira, 4 de outubro de 2017



04 DE OUTUBRO DE 2017
EDUCAÇÃO

Na conta, evasão e inadimplência

As escolas não devem apenas olhar para as próprias planilhas e definir o reajuste, segundo a vice-presidente da Fenep, Amábile Pacios. Segundo ela, a orientação nacional é para que as instituições olhem também para a situação financeira da comunidade escolar.

- Também não queremos perder alunos. As instituições que mais perderam alunos nesses últimos dois anos foram aquelas que atendem mais as classes C e D. Na época pré-crise, a melhora da renda fez essas famílias migrarem para particulares. Mas o desemprego as levou de volta à rede pública - avalia Amábile.

A migração para a rede pública em razão da crise aumentou no RS neste ano. Segundo o Sinepe, de 2016 para 2017, 76% das escolas privadas do Estado registraram migração de alunos que concluíram o Ensino Fundamental e iriam para o Médio. De 2015 para 2016, esse percentual era de 55%. E o Ensino Médio foi o nível mais impactado pela crise: de 2015 para 2016, as escolas tiveram redução de 21% no número de alunos.

CONFORME ESPECIALISTA, GASTO COM ESCOLAS É INVESTIMENTO

Para tentar diminuir o impacto no orçamento, é importante a organização financeira nas famílias para priorizar a educação dos filhos.

- Todos os custos que envolvem a educação não devem ser considerados despesas, e sim investimentos. A família pode diminuir ou cortar outras despesas - sugere Reinaldo Domingos, doutor em Educação Financeira e presidente da DSOP Educação Financeira.

É o que tem feito o servidor público estadual aposentado Luiz Carlos Reis e Silva, 72 anos. O filho Juan, 12 anos, estuda desde o maternal no Colégio La Salle Dores, no centro da Capital. Nos últimos anos, os reajustes somados à falta de aumento na aposentadoria vêm exigindo "sacrifícios".

- Sou servidor público aposentado. Imagine três anos sem reajuste. Neste mês, ainda não recebi o salário. Então, é preciso ajustar o orçamento. Corta-se mais em viagem de férias, por exemplo, o que até faz a gente descobrir opções boas e baratas mais perto - diz ele.

Diminuir as refeições fora de casa é outra medida que o aposentado adota para garantir a mensalidade de R$ 1,1 mil dentro do orçamento. O fato de morar perto da escola ajuda - não há gasto com transporte escolar:

- É algo que levo em conta, não precisar gastar com van. Os pais precisam ficar atentos a esses custos indiretos.