05 DE JULHO DE 2018
INFRAESTRUTURA
Quilômetros de incertezas na freeway
SAÍDA DA CONCEPA da BR-290 provoca série de questionamentos sobre manutenção e serviços prestados na rodovia federal
Na tarde de ontem, dois funcionários de uma empresa de segurança percorriam a BR-290, quando, no km 58, em Glorinha, a correia do carro estragou. Era necessário um guincho para retirar o Corsa empenhado do local.
Gelson Pinto e Mauro da Silva tentaram acionar o interfone em um recuo da rodovia. Sem sucesso, telefonaram para um serviço privado que levou uma hora para chegar e cobrou R$ 150. Foi um dos primeiros impactos que o encerramento do contrato com a Concepa deve provocar nos usuários - durante a concessão, o socorro levava cerca de 10 minutos.
- O pedágio precisa ser cobrado para termos manutenção e assistências. Já utilizamos algumas vezes, foi rápido. Dessa vez, ficamos na mão - reclamou Mauro.
À meia-noite de terça-feira, o convênio chegou ao fim porque a Concepa rejeitou a prorrogação emergencial, proposta pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), devido à queda no preço dos pedágios. Motoristas comemoram a interrupção da cobrança e a consequente economia na viagem, mas a saída da empresa já causa incertezas sobre os serviços prestados e a manutenção da estrada.
Pelos cálculos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), são necessários R$ 40 milhões para custeá- la, garantir a segurança e a iluminação das praças de pedágio e operar o vão móvel da ponte do Guaíba durante os próximos sete meses. O governo federal prevê que nova concessionária chegará à estrada em fevereiro de 2019, em contrato que abrange também as BRs 101, 386 e 448.
- Estamos buscando a estrutura necessária para manter os níveis de qualidade e segurança. Em contrapartida, a cobrança de pedágio fica suspensa - resumiu Allan Machado, superintendente do Dnit no Estado.
ATRASO EM IÇAMENTO DE VÃO MÓVEL DA PONTE
Na autarquia, o principal impasse está no orçamento mirrado. Nos últimos anos, os valores repassados pela União vêm caindo significativamente, levando inclusive à paralisação de obras. Hoje, essa verba não existe.
Por isso, o departamento busca repasse extra do governo federal. Em Brasília, o Planalto sinalizou positivamente, mas ainda sem apresentar garantias. É um montante expressivo - mais de 13% de toda a verba destinada para manter rodovias federais no Estado em 2018 e 80% do orçamento destinado à nova ponte do Guaíba no ano.
- Não há mais orçamento. Sem suplementação, será inviável - admitiu um servidor da autarquia.
Com o suporte, o Dnit pretende lançar licitação para os consertos emergenciais na BR-290. Em paralelo, contratou uma empresa para operar o vão móvel, em Porto Alegre. O primeiro dia foi marcado por imprecisões - o departamento anunciou que o serviço seria às 13h, mas ocorreu somente às 14h15min.
DÉBORA ELY