ELIANE
CANTANHÊDE
Desastres nada
naturais
BRASÍLIA
- Para a presidente e candidata Dilma Rousseff, a semana passada foi um desastre
na política e na economia. E nada indica que vá melhorar nesta e nas próximas.
Começou
com o rebaixamento da nota do Brasil, que a Fazenda, zangada, desdenhou como
"inconsistente". Os resultados da economia no resto da semana, porém,
confirmaram que a agência de classificação de risco Standard & Poor's não
estava chutando.
Primeiro,
veio o rombo das contas do Tesouro em fevereiro, com os gastos federais
superando a arrecadação em mais de R$ 3 bilhões e ameaçando o compromisso do
governo com um superávit primário robusto neste ano. Depois, veio o IGP-M
batendo em 7,3% em 12 meses, reforçando o que o mercado vem dizendo: a inflação
pode ultrapassar o teto da meta em 2014.
Na
política, a compra esquisita da refinaria de Pasadena, nos EUA, jogou luzes sobre
a bagunça, o desmando, a perda de valor e o aparelhamento da Petrobras desde o
governo Lula e, de quebra, queimou a imagem de "gerentona" de Dilma.
Mas
o pior é que Pasadena catalisou a insatisfação crescente do Congresso. Como as
oposições conseguiram assinaturas suficientes para a CPI, se a presidente tem a
maior base aliada das galáxias?
Todo
esse caldo de erros na economia, na política e na gestão acabaria, mais cedo ou
mais tarde, entornando nas pesquisas. Pois a CNI/Ibope apontou que a percepção
popular sobre o governo desandou em todos os itens e áreas e que a popularidade
de Dilma caiu 7 pontos.
A
semana fechou com o ministro Edison Lobão, que está rouco de tanto negar o
racionamento, falando em economia de energia para não faltar luz na Copa. Não é
demais?
Entretanto,
o desemprego continua baixo e em queda e as ações da Petrobras dispararam, a
Bolsa subiu e o dólar caiu, apesar de todos os desastres. Ou seria justamente
por causa deles e do que projetam? Isso dá uma boa reflexão.