Jaime
Cimenti
O ponto turístico mais visitado do
mundo
Os shoppings e o american way of
life venceram. Depois da Segunda Guerra Mundial, é Coca-cola, jazz,
rock, hamburger e shopping. Com origem nos milenares bazares do Oriente,
passagens históricas pela Inglaterra e pela França e desenvolvidos pelos
brothers norte-americanos, os centros comerciais, catedrais do consumo, paraísos
artificiais, pracinhas pós-modernas, o que você quiser, já são eternos como as
pirâmides.
O
Dubai Mall, maior espaço de varejo do mundo, 1.200 lojas, 14 mil vagas de
estacionamento, 1,1 milhão de metros quadrados, 22 salas de cinema, aquário
gigante com 250 espécies, pista de gelo com dimensões olímpicas e muitos outros
borogodós, é o ponto turístico mais visitado do planeta. Cerca de 75 milhões de
pessoas desfilam por lá todo ano. É mole?
Não, é mall.
Desculpe
o trocadalho que não é do carilho. Sorry, periferia. O Times Square, em Nova
Iorque, recebeu 25 milhões de pessoas em 2012, a Disney World, 17 milhões, e a
Torre Eiffel, tadinha, só seis milhões no mesmo ano. Não tem pra ninguém, os
shoppings são a realidade de consumo dos residentes, dos turistas, dos que estão
em trânsito e dos que não tem mais o que fazer.
Tem
um casal que eu conheço que passa os dias e as noites no Shopping Moinhos, e
desconfio que eles estão pretendendo morar no Sheraton-Shopping para não
precisar mais de empregada, automóvel,
taxi ou ônibus e não se preocupar em
comprar tomate, pano de chão, pão e requeijão na esquina. Não sei como a
Unesco, até agora, não declarou o shopping Dubai Mall e alguns outros como
Patrimônios Culturais da Humanidade.
Fica
a sugestão para o Comitê. Shopping é comercio, história, arquitetura, serviço,
cultura, turismo, hospital, pracinha, vida pública, vida privada, azaração,
cinema, teatro, sala do cafezinho e de conversas filosóficas sobre Lacan. Shopping
é tudo e mais um pouco. Início e fim da humanidade,talvez. Te liga, Unesco! Pois
é.
O
Dubai Mall, incrivelmente um centro comercial que floresceu no deserto, além de
ser literalmente das arábias, que eu saiba, não tem rolezinhos. Dizem que uns
quinhentos manos estão pensando num sequestro light, pacífico, de um Airbus A380
para ir até lá. Acham que o rolezinho oriental daria visibilidade mundial e mídia
gratuita para o movimento, os protestos, etc. Se bobear pinta um patrocinador
ou alguma ação de mídia, YouTube, o escambau.
Isso
tudo, claro, deve ser invenção de algum ficcionista superocupado ou de
jornalista com excesso de assunto. Já tomou o seu Toddy e já foi no seu
shopping hoje? Então tome e vá! Só não vai quem já morreu.