quinta-feira, 10 de novembro de 2016



10 de novembro de 2016 | N° 18683
TRABALHO


2 mil na busca de uma chance

556 VAGAS LEVARAM desempregados a enfrentar fila e chuva no centro da Capital por um emprego

A oferta de 556 vagas de trabalho em Porto Alegre fez 2 mil pessoas enfrentarem, abaixo de chuva, uma fila que chegou a fazer uma volta e meia no quarteirão da sede do campus do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), no Centro. Contando Região Metropolitana, foram oferecidas 972 vagas para funções como auxiliar de limpeza, serviços gerais, porteiro, zelador, operador de caixa, fiscal de loja, assistente de venda e empacotador, em mais um mutirão do Empregar-RS, promovido ontem pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS).

Trinta empresas realizaram entrevistas de emprego, palestras e orientação profissional para vagas com salários entre R$ 514,90 (para jornada diária inferior a oito horas) e R$ 2.424,52. O número total de atendimentos não foi contabilizado pela FGTAS, pois houve queda de energia por uma hora durante a tarde, o que prejudicou a contabilização via sistema. Nas agências de Canoas, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão, foram feitos 1.776 atendimentos.

APELO À NOSSA SENHORA POR UMA RECOLOCAÇÃO

O diretor-presidente da FGTAS, Gilberto Francisco Baldasso, afirma que o movimento de candidatos já era esperado. Com a chegada do final de ano, a tendência é de aumentar o número de pessoas em busca de uma colocação:

– O desemprego não escolhe idade e vem se agravando desde 2015. Quem consegue um emprego considera como se fosse um prêmio. Só de passar pela triagem e ser entrevistada, a pessoa já respira diferente.

Há um ano em busca do primeiro emprego, Gabrielle Duarte Vaz, 18 anos, chegou às 7h na esperança de conquistar uma vaga de recepcionista, secretária ou atendente de loja. Moradora da Restinga, no extremo sul de Porto Alegre, pegou dinheiro emprestado da mãe para vir de ônibus até o Centro.

– Sinto que são poucas vagas abertas, é muita concorrência e sempre pedem experiência – diz ela, que concluiu o Ensino Médio no ano passado e quer guardar dinheiro para fazer curso técnico em Enfermagem.

É a primeira vez que o trabalhador da construção civil Marino Ramos, 42 anos, de Sapucaia do Sul, fica sem emprego. Há duas semanas ele procura uma recolocação no mercado em vagas para zelador e vigilante. Para participar da seleção, acordou às 5h e chegou ao local às 7h.

– Esta é a quarta entrevista que farei em duas semanas. Estou achando que as empresas estão cada vez mais exigentes, parece que não querem dar a vaga – diz ele, que foi pilchado para a entrevista e com um cinto com fivela de Nossa Senhora Aparecida para dar sorte.

Desempregada há um mês, Cenira Rodrigues dos Santos, 58 anos, já encaminhou 15 currículos e não recebeu retorno de nenhum deles. Ontem, saiu de Guaíba, enfrentou a chuva e uma manhã inteira de espera para tentar se recolocar em alguma vaga de auxiliar de serviços gerais:

– Quando cheguei aqui, não encontrava o fim da fila. Corro muito atrás de emprego, se eu ficar em casa, não vou conseguir nada.

JENIFFER GULARTE | JENIFFER.GULARTE@DIARIOGAUCHO.COM.BR