quinta-feira, 10 de novembro de 2016


10 de novembro de 2016 | N° 18683
ENTREVISTA - ALEKS KROTOSKI - PhD em psicologia

“Buscamos esse tipo de nota por décadas”

PhD em psicologia, a americana Aleks Krotoski escreve sobre internet e interações humanas em veículos como The Guardian e apresenta a série da BBC Virtual Revolution, ganhadora de um Emmy.

Sistemas online para alugar casas, encontrar motoristas ou empregos trabalham com avaliações individuais. Como você vê que isso pode impactar as pessoas?

A economia de avaliações transformou como as pessoas viajam e, certamente, essas curtidas e não curtidas explícitas podem ter impacto na maneira como as pessoas se veem. Como a maior parte dos fenômenos da internet, o que a tecnologia faz é tornar visíveis sistemas e processos psicológicos já existentes. Sempre avaliamos os outros, pelo que usam, pela aparência, pelo que fazem. Isso é simplesmente uma maneira mais ajustada para determinar se alguém é confiável. É um sistema imperfeito, mas mesmo assim é algo.

Quando avaliamos, o quão tendenciosos podemos ser? Se dou uma nota para um motorista do Uber, por exemplo. Nossas avaliações podem ser tendenciosas por diversos fatores. Talvez acordamos com o pé esquerdo ou recebemos uma carta de amor. Se soubermos que a pessoa que estamos avaliando verá a nota, é provável que demos uma ainda mais alta.

Por que ficamos tão curiosos em saber nossas próprias notas?

É útil ter um método objetivo de avaliar como os outros nos veem. Buscamos esse tipo de nota por décadas, se não mais! Lembro de fazer testes de personalidade bobos em revistas de adolescentes que me diziam que tipo de pessoa eu era. Sei que esses testes são inconsistentes, mas a função é a mesma: eles nos dão perspectiva de como somos a partir do ponto de vista de outra pessoa. É claro que, dependendo do método, pode ser uma perspectiva falha.

Você acha que isso é benéfico para a sociedade?

Isso providencia uma medida de confiança em um meio que tem, de fato, nenhuma confiança. Não temos sequer uma experiência direta com muitas coisas e com pessoas que vemos na internet. Então, precisamos de heurística para nos dar uma sensação de veto, que não estamos dando um passo no escuro.

Na economia do compartilhamento, o que é confiança?

Offline, a confiança tem base nas experiências pessoais diretas ou imediatas com alguém ou com alguma coisa. Quando estamos online, não temos essa oportunidade. A economia do compartilhamento almeja manter o mundo vasto e desconhecido da internet pequeno como uma aldeia.