segunda-feira, 2 de julho de 2018


02 DE JULHO DE 2018
LUIS FERNANDO VERISSIMO

Outras Copas

O primeiro jogo de Copa do Mundo a que assisti foi em Porto Alegre. Copa de 50, Iugoslávia x México. Fiquei atrás de uma das goleiras e me lembro de um atacante iugoslavo dando um soco na barriga do goleiro mexicano. O juiz não viu, ninguém viu, acho que só eu vi. O bandido continuou em campo e a Iugoslávia ganhou o jogo. Ou foi empate? Enfim, faz tempo. A Iugoslávia nem existe mais.

Meu jogo de Copa inesquecível foi aquele Brasil e França no México, em 1986. O que perdemos nos pênaltis. A Seleção Brasileira de 86 era remanescente da Seleção de 82, a que não podia perder, na Espanha, e perdeu. Portanto uma Seleção ferida. Em 82, jogadores como Falcão, Zico, Sócrates, Júnior, Éder ainda estavam em grande forma. 82 era para ter sido o ano deles. Não deu. Aquela foi uma geração sem apoteose, pelo menos em Copas do Mundo. Mas fizeram um grande jogo contra a França, em Guadalajara.

Falcão não jogou contra a França. Zico não começou, entrou no lugar do Müller. Lá estava o Careca, um dos melhores centroavantes que já vi jogar. O zagueiro Júlio César, que, sempre achei, merecia uma carreira melhor do que a que teve. Elzo e Alemão no meio, Josimar e Branco nas laterais. Sócrates na frente.

Curiosidade: de todos os jogadores brasileiros no México em 86, só dois, Edinho e Júnior, jogavam em times do Exterior. O Falcão já tinha voltado, do Roma para o São Paulo. 86 foi antes da diáspora.

Os franceses tinham Giresse, Tigana e o grande Platini, mas quem acabou conosco foi o Fernandez. Fez o gol da vitória na série de pênaltis que desempataram a partida, e em que o goleiro deles (Bats) defendeu o chute do Sócrates, o Platini chutou para fora e o Júlio César chutou na trave. Ficou tudo com o pé do Fernandez.

Fui a todas as outras Copas depois da de 86. Só não fui à de 2014, no Brasil, que acompanhei da poltrona. Vi grandes vitórias do Brasil. Mas inesquecível mesmo foi aquela derrota gloriosa em Guadalajara, há 32 anos. Era para redimirem o time de 82, e uma geração inteira. Mas o Fernandez não se apiedou de nós.

LUIS FERNANDO VERISSIMO