segunda-feira, 11 de junho de 2018



11 DE JUNHO DE 2018
CÚPULA DO G7

A foto que expôs a tensão entre os mais ricos do mundo Trump e Kim chegam para cúpula histórica
LÍDERES DE EUA E COREIA DO NORTE se encontrarão pela primeira vez

Já é uma das imagens do ano: a chanceler alemã, Angela Merkel, cercada de líderes mundiais, em pé, com o corpo avançado sobre Donald Trump, o presidente dos EUA, que está sentado. A foto, feita durante o G7 no fim de semana, pelo fotógrafo oficial da delegação alemã, Jesco Denzel, foi postada na conta de Merkel no Twitter. Logo viralizou. E deu o tom de um dos encontros do G7 mais tensos da história, por conta das declarações do presidente americano, que retirou seu apoio à declaração final, logo após a reunião.

O documento alinhavado enfatizava a importância do livre comércio, baseado em regras internacionais, para o crescimento econômico, e pontuava a necessidade de reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Antes, Trump atacou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que falou sobre as taxas das importações. Pelo Twitter, chamou o colega de "muito desonesto e fraco".

Dois dias antes da histórica reunião de cúpula entre os líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte, Donald Trump e Kim Jong-un chegaram ontem a Singapura. O clima é de expectativa e desconfiança. O resultado do encontro é incerto, após décadas de confrontação entre o país mais isolado do mundo e a superpotência global.

O arsenal nuclear de Pyongyang, que lhe rendeu sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e ameaças de ações militares por parte do governo Trump, será a questão central da agenda de reuniões, que terá início às 9h de amanhã (22h de hoje pelo horário de Brasília). Encerrar formalmente a Guerra da Coreia, 65 anos após o fim das hostilidades, também estará sobre a mesa de negociações.

O avião Air Force One do presidente americano aterrissou pouco antes das 20h30min (9h30min em Brasília) de ontem em Singapura. Kim chegou antes, a bordo de um 747 da Air China que, segundo o site de registro de voos Flightradar24, decolou de Pyongyang pela manhã com destino a Pequim (China), antes de alterar o número do voo, uma vez já no ar, para dirigir-se para o Sul.

O ministro das Relações Exteriores de Singapura, Vivian Balakrishnan, tuitou uma foto de si mesmo saudando no aeroporto o líder norte-coreano, que foi levado até o centro da cidade em uma limusine acompanhada por comboio de mais de 20 veículos. Kim encontrou-se com o presidente de Singapura, Lee Hsien Loong.

A reunião será o ponto alto de uma espetacular ofensiva diplomática recente em torno da península coreana, mas muitos críticos alertam para os riscos de um triunfo da forma sobre a substância. Os EUA exigem a desnuclearização completa, verificável e irreversível da Coreia do Norte, mas, até agora, a ditadura comunista só prometeu publicamente o compromisso com a "desnuclearização da península", um termo difícil de se interpretar.

Richard Armitage, subsecretário de Estado de Washington durante o governo de George W. Bush nos Estados Unidos, aposta em poucos progressos na questão-chave da desnuclearização.

- O sucesso será nos cliques das câmeras - disse.

Trump insistiu, na semana passada, que a reunião não seria "apenas uma sessão de fotos", garantindo que ajudaria a forjar um "bom relacionamento" que poderia levar a um "processo". Antes de embarcar para Singapura, no entanto, mudou o tom e afirmou que seu encontro com Kim é "uma ocasião única", assegurando que "desde o primeiro minuto" saberia se um acordo poderia ser alcançado. O presidente americano também levantou a possibilidade de que Kim visite Washington em breve "se tudo correr bem".

Os dois países enfrentam-se há décadas. Apoiada por Rússia e China, a Coreia do Norte invadiu o Sul em 1950, provocando uma guerra que durou três anos. O Sul recebia ajuda dos Estados Unidos. O conflito terminou em 1953 com um armistício que selou a divisão da península sem um tratado de paz definitivo.

Ao longo dos anos, a Coreia do Norte continuou a lançar provocações esporádicas, ao mesmo tempo que avançava em seu programa nuclear, apresentado como garantia contra os riscos de invasão americana. No ano passado, realizou o teste nuclear mais poderoso de sua história e experimentou mísseis que, segundo o regime comunista, seriam capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos. A série de provocações alimentou tensões, que atingiram níveis sem precedentes, com ameaças e insultos trocados entre Kim e Trump.