14 DE JUNHO DE 2018
OPINIÃO DA RBS
OPORTUNIDADE DE CONVERGÊNCIA
A Copa dará aos brasileiros uma razão consistente para olharem na mesma direção, independentemente de eventuais divergências, e torcerem por um objetivo comum
ACopa é uma oportunidade para exercitar-se a esquecida prática da tolerância. Nitidamente, os brasileiros se dividem hoje entre os que torcerão e os que se manterão indiferentes ou até mesmo com reservas quanto à Seleção - os percentuais oscilarão se o país avançar na competição. Em um momento em que o Brasil se ressente da falta de consensos, o Mundial se insere no contexto de radicalismo e polarização.
Numa sociedade democrática, é fundamental respeitar as diferenças. Não há deslize ou erro em torcer pela Seleção e mesmo em parar algumas horas para se reunir com os amigos e a família para acompanhar os jogos do Brasil. Da mesma forma, é totalmente legítima a postura de quem faz restrições à competição. Há espaço para ambos, sem que ninguém se julgue superior ou condene o outro. Ainda assim, ao longo dos próximos dias, a Copa dará aos brasileiros uma razão consistente para olharem na mesma direção, independentemente de eventuais divergências, e torcerem por um objetivo comum.
Os gaúchos têm motivos adicionais para torcer. Além do treinador Tite, de Caxias do Sul, há um grupo expressivo de representantes do Rio Grande do Sul na delegação brasileira. Só mesmo o futebol consegue parar guerras e fazer adversários apertarem as mãos - como Estados Unidos e Irã, em 1998, ou Inglaterra e Argentina, depois da Guerra das Malvinas. É o mesmo esporte, aliás, que projetou um Brasil plural, criativo e vencedor mundo afora.
Desde a geração de Pelé, a Seleção carrega uma série de atributos que somam para o país em várias áreas, inclusive abrindo perspectivas comerciais. A Seleção ajuda a marca Brasil e deve contribuir para respaldar e mesmo abrir novas frentes na Rússia, que transcendem o âmbito da competição.
É fato que o esporte mais cul- tuado pelos brasileiros não se manteve imune aos escândalos de corrupção que assolaram o país. Ainda há muito a ser investigado, seja na esfera das federações ou na dos clubes. Deformações desse tipo, porém, não devem impedir a celebração da festa e da Seleção que, a partir de domingo, estará defendendo em campo um esporte que projetou e diferencia o Brasil no cenário global.
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