19 DE JUNHO DE
2018
OPINIÃO DA RBS
UM PACOTE EM FAVOR DA
CAPITAL
A prefeitura de
Porto Alegre não tem como enfrentar as atuais dificuldades financeiras sem
impor limites às despesas e sem revisar padrões gerenciais
totalmente anacrônicos
Opacote propondo
mudanças profundas na gestão municipal de Porto Alegre, agora em debate pelos
vereadores para ser votado em regime de urgência, é uma oportunidade de a
Capital se reorientar, finalmente, para interesses dos munícipes.
Desequilíbrios crônicos nas finanças municipais, acentuados nos últimos anos,
têm dificultado ou até mesmo impedido o cumprimento de demandas essenciais da
população. Assim como o Estado e o país, o município não pode existir apenas
para pagar o funcionalismo.
O aspecto de
decadência que vem se acentuando na Capital é fruto da falta de recursos, de um
lado, e do comprometimento de verbas para benesses incompreensíveis, seja na
atividade privada, seja na pública. No conjunto, as medidas encaminhadas pelo
prefeito Nelson Marchezan têm potencial para enfrentar essas distorções. Por
isso, o ideal seria que fossem debatidas com argumentos objetivos, sem pressões
como a de corporações de segmentos que ameaçam substituir o debate simplesmente
pela paralisação de serviços.
A crise no setor
público, que atingiu todas as instâncias da federação, tem efeitos mais
visíveis nos municípios. A prefeitura de Porto Alegre não pode se conformar com
a falta de ação. A rapidez da evolução tecnológica desafia cada vez mais os
gestores públicos a inovarem para assegurar-se melhor qualidade de vida aos
cidadãos no cotidiano. Esses novos serviços somam-se a outros que, mesmo de
exclusi- vidade do município, não vêm sendo executados como deveriam. Basta
conferir a deterioração registrada hoje em bens públicos, na pavimentação de
ruas e a dificuldade de execução de tarefas simples como o corte de grama em
vias públicas. É uma situação que não condiz com a expectativa dos
contribuintes de uma cidade melhor para se viver e ainda prejudica atividades
essenciais, como o turismo.
Ao mesmo tempo
que precisa contemplar novas demandas dos contribuintes, o município não tem
mais como manter práticas para as quais não dispõe de verbas em volume
suficiente. Por mais que haja resistências localizadas, e até certo ponto sejam
compreensíveis, a prefeitura de Porto Alegre não tem como enfrentar as atuais
dificuldades financeiras sem impor limites às despesas e sem revisar padrões
gerenciais totalmente anacrônicos.