07
de março de 2014 | N° 17725
ARTIGOS
- Tãnia Regina Silva ReckZiegel*
A ascensão da mulher
brasileira
O
longo caminho percorrido pelas mulheres na busca da igualdade, do acesso à
cidadania plena e da inserção na vida política e no mercado de trabalho reflete
o contexto sociológico presente na formação do país. Antes, a figura feminina
era vista como rainha do lar, ainda que na verdade a mulher fosse uma
prisioneira em seu castelo e súdita fiel do rei todo-poderoso em seu domínio.
Nas
últimas décadas, esta visão mudou, ampliando-se a participação política e
profissional da mulher na sociedade. A partir de 1988, direitos ligados ao
princípio da dignidade da pessoa humana mereceram previsão expressa no texto da
Constituição. O inciso I do artigo 5º da Constituição Federal estabelece
tratamento igualitário entre homens e mulheres, vedando a discriminação entre
sexos e criando idênticos direitos e deveres para ambos.
Apesar
dos desafios impostos à mulher, e que representam resquícios de uma sociedade
patriarcal, tais como a dupla jornada a que é submetida e os salários
inferiores aos dos homens, ela obteve um maior reconhecimento profissional e
ingressou de forma definitiva no mercado de trabalho. Atualmente, quase não
existem profissões masculinas e femininas, e cada vez mais a mulher se destaca
em cargos de ponta. Temos hoje no país uma presidente do sexo feminino.
Também
na liderança de grandes empresas, públicas e privadas, revela-se a presença
feminina. O próprio Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) espelha
esta nova realidade, pois pela segunda vez consecutiva elegeu quatro
desembargadoras para o comando da instituição – um passo positivo da Justiça do
Trabalho gaúcha rumo a uma política judiciária organizacional e moderna, na
constante busca da igualdade entre homens e mulheres.
No
Dia Internacional da Mulher, comemorado amanhã, não poderíamos deixar de
reconhecer os avanços da atuação feminina na sociedade, em especial no mercado
de trabalho. Muito se conquistou, mas há desafios a serem vencidos. A
desigualdade ainda está presente nas relações de trabalho, em especial na menor
remuneração alcançada, na falta de amparo à maternidade (insuficiência de
creches) e, como infelizmente constatamos no exercício da nossa tarefa de
julgadores, no grande número de casos de assédio moral e sexual que têm como
vítimas mulheres em seu ambiente profissional. Porém, apesar dessas
dificuldades que ainda persistem, o momento é de comemoração das grandes
conquistas da mulher na sua busca por autonomia e reconhecimento no trabalho.
*Desembargadora
e integrante da Comissão de Comunicação Social e Relações Institucionais do
TRT-RS