sexta-feira, 21 de março de 2014

Jaime Cimenti

O plano secreto do Vaticano para salvar os judeus dos nazistas

Os judeus do Papa - O plano secreto do Vaticano para salvar os judeus das mãos dos nazistas, do consagrado escritor e jornalista investigativo Gordon Thomas, autor de mais de cinquenta livros publicados na Europa, que já venderam mais de 45 milhões de cópias e renderam vários prêmios, publicado há poucos dias no Brasil, tem causado polêmica, como era de se esperar.

Quando o cardeal Eugênio Pacelli, que foi Secretário de Estado do Vaticano, se tornou o Papa Pio XII, em 1939, sabia que teria diante de si um desafio sem precedentes: guiar a Igreja e posicioná-la no tabuleiro da Europa, onde a ameaça nazista começava a aterrorizar as nações independentes. A guerra era iminente, a truculência e o racismo mortal dos alemães eram a marca de sua política imperialista, com a eliminação em câmaras de gás de minorias raciais, em especial os judeus.

Pio XII, por sua postura discreta e neutra na época, foi criticado por muitos como sendo um Papa omisso, covarde e negligente. Em seu livro, Gordon Thomas revela todas as histórias que existem por trás do silêncio e apresenta o plano secreto do Vaticano para salvar os judeus das mãos dos nazistas. A obra de Gordon mostra que a ação de Pio XII em defesa da comunidade judaica foi muito maior do que se poderia imaginar.

O escritor e uma equipe de pesquisadores foram a fundo na busca de evidências sobre o que realmente fez o Vaticano em relação ao Holocausto. Pio XII era amigo de longa data dos judeus de Roma, e a suposta omissão do Papa em verdade escondia uma rede secreta de ajuda humanitária, que tinha ligação com a Cruz Vermelha e fornecia documentos falsos, vistos de imigração e abrigo para milhares de judeus que chegavam ao Vaticano fugindo do horror nazista. O esquema contava com criptógrafos profissionais, padres disfarçados e dezenas de esconderijos.

Pio doou ouro do próprio Vaticano para o gueto de Roma, a fim de que eles negociassem uma trégua com os alemães; nada menos que três mil judeus viveram escondidos em sua casa de verão, Castelgandolfo, e mais de cinco mil conseguiram abrigo em conventos e mosteiros do Vaticano e áreas ligadas à Santa Sé.


O silêncio do Papa foi a única maneira de manter a ajuda, e sua prudência foi uma contribuição para salvar 800 mil vidas em toda a Europa. O talentoso e fundamentado thriller investigativo de Gordon permite revisar a atitude da Igreja e de Pio XII durante o nazismo. Geração Editorial, 392 páginas, R$ 44,90, tradução de Marco Schaumloeffel,