Jaime
Cimenti
O plano secreto do Vaticano para
salvar os judeus dos nazistas
Os
judeus do Papa - O plano secreto do Vaticano para salvar os judeus das mãos dos
nazistas, do consagrado escritor e jornalista investigativo Gordon Thomas,
autor de mais de cinquenta livros publicados na Europa, que já venderam mais de
45 milhões de cópias e renderam vários prêmios, publicado há poucos dias no
Brasil, tem causado polêmica, como era de se esperar.
Quando
o cardeal Eugênio Pacelli, que foi Secretário de Estado do Vaticano, se tornou
o Papa Pio XII, em 1939, sabia que teria diante de si um desafio sem
precedentes: guiar a Igreja e posicioná-la no tabuleiro da Europa, onde a ameaça
nazista começava a aterrorizar as nações independentes. A guerra era iminente,
a truculência e o racismo mortal dos alemães eram a marca de sua política
imperialista, com a eliminação em câmaras de gás de minorias raciais, em
especial os judeus.
Pio
XII, por sua postura discreta e neutra na época, foi criticado por muitos como
sendo um Papa omisso, covarde e negligente. Em seu livro, Gordon Thomas revela
todas as histórias que existem por trás do silêncio e apresenta o plano secreto
do Vaticano para salvar os judeus das mãos dos nazistas. A obra de Gordon
mostra que a ação de Pio XII em defesa da comunidade judaica foi muito maior do
que se poderia imaginar.
O
escritor e uma equipe de pesquisadores foram a fundo na busca de evidências
sobre o que realmente fez o Vaticano em relação ao Holocausto. Pio XII era
amigo de longa data dos judeus de Roma, e a suposta omissão do Papa em verdade
escondia uma rede secreta de ajuda humanitária, que tinha ligação com a Cruz Vermelha
e fornecia documentos falsos, vistos de imigração e abrigo para milhares de
judeus que chegavam ao Vaticano fugindo do horror nazista. O esquema contava
com criptógrafos profissionais, padres disfarçados e dezenas de esconderijos.
Pio
doou ouro do próprio Vaticano para o gueto de Roma, a fim de que eles
negociassem uma trégua com os alemães; nada menos que três mil judeus viveram
escondidos em sua casa de verão, Castelgandolfo, e mais de cinco mil
conseguiram abrigo em conventos e mosteiros do Vaticano e áreas ligadas à Santa
Sé.
O
silêncio do Papa foi a única maneira de manter a ajuda, e sua prudência foi uma
contribuição para salvar 800 mil vidas em toda a Europa. O talentoso e
fundamentado thriller investigativo de Gordon permite revisar a atitude da
Igreja e de Pio XII durante o nazismo. Geração Editorial, 392 páginas, R$ 44,90,
tradução de Marco Schaumloeffel,