06 DE FEVEREIRO DE 2018
CAMPO ABERTO
À BEIRA DA CALAMIDADE
A crise do leite, com reflexos como o abandono da atividade pela perda de arrecadação, começa a levar municípios do Vale do Taquari a tomar atitudes mais drásticas. A prefeitura de Arroio do Meio, por exemplo, estuda se há base jurídica para decretar estado de calamidade pública ou de emergência em razão da continuidade dos baixos preços pagos ao produtor. A atitude pode ser seguida por outras prefeituras da região, a partir de movimento capitaneado pelos sindicatos dos trabalhadores rurais.
- Nem em casos de perdas causadas por clima tivemos um prejuízo tão grande - diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio, Astor Klaus.
De acordo com o gerente regional da Emater em Lajeado, Marcelo Brandoli, a queda do preço do leite levou os 36 municípios do Vale do Taquari a prejuízo de R$ 250 milhões, no ano passado. Seriam R$ 10 milhões só em Arroio do Meio, além de R$ 350 mil a menos na arrecadação. De 2015 até o ano passado, 1.082 produtores, o equivalente a 15% do total, saíram da atividade na região. Enquanto o preço pago ao produtor gira em torno de R$ 0,85, o custo de produção é calculado em R$ 1,20.
A presidente do Conselho de Desenvolvimento Regional do Vale do Taquari, Cíntia Agostini, avalia que a saída da crise começa com barreiras à importação de leite em pó do Uruguai. Para o governo do Estado, a reivindicação é revogar definitivamente decreto hoje suspenso de forma temporária que reduz o ICMS da compra do produto do país vizinho. Em relação ao Planalto, o pedido é por estabelecer cotas, a exemplo das existentes para a Argentina.
caio.cigana@zerohora.com.br - CAIO CIGANA