15 DE FEVEREIRO DE 2018
LITORAL
Uma parceria de muitos verões
TELEFONES MÓVEIS ganharam novos modelos, evoluíram em tecnologia e se tornaram companhia inseparável dos veranistas
Difícil olhar para a faixa de areia e não ver um deles. Companheiros tão fiéis de veranistas quanto os guarda-sóis, os celulares dividem espaço com cadeiras, óculos escuros e protetor solar como integrantes essenciais de um dia na praia. Mas não seria à beira-mar justamente o momento de se desligar dos celulares, já que os aparelhos trazem tudo o que se associa ao dia a dia na cidade, como mensagens, agenda, despertador, compromissos?
- Deixar o celular de lado é complicado. Muito do que a gente precisa está aqui - justifica o professor universitário Avelino Zorzo, que dividia a atenção entre o aparelho e a orla durante as férias em Imbé.
Zorzo logo esclarece o porquê de manter o celular por perto: há trabalhos acadêmicos a orientar e e-mails importantes para ler mesmo que ele não esteja em horário laboral. E a filha, que ficou em Porto Alegre, acabara de avisar, por meio de mensagem, que chegaram correspondências em casa - algumas delas eram boletos.
- Não tem como escapar deles nem na praia, né? - explica o professor.
E tem quem jure que leva o celular para a praia só por garantia, porque "vai que alguma coisa aconteça". Mas como ele está ali, sempre por perto, muitos não resistem a uma espiadinha.
- A gente usa mais para fazer fotos - diz Júlia Bianchini, 13 anos, entre uma selfie e outra.
Seu pai, Rui Silva, e sua mãe, Juliana Bianchini, moradores de Santiago, na Região Central, realmente resistiram à vontade de levar o aparelho para a praia - algo que não aconteceu com a sobrinha deles, Lídia, 12 anos. Assim como Júlia, ela volta e meia pegava o celular para registrar algumas imagens com a família na praia e enviá-las para um grupo que inclui os demais parentes no WhatsApp.
Rui conseguia manter distância dos compromissos, pelo menos durante algumas horas de descanso na orla, mas Juliana confessa que o fato de não levar o celular não se deve exatamente à ideia de afastar os pensamentos das coisas da cidade.
- Só não trago porque meu celular não é muito bom - adianta Juliana.
guilherme.justino@zerohora.com.br - GUILHERME JUSTINO