terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


27 DE FEVEREIRO DE 2018
CAPA

Celebração à vida e à música


PHIL COLLINS, um dos gigantes da música pop, está de volta aos palcos e faz hoje seu primeiro show solo na Capital

Da sofisticação do rock progressivo a melodias singelas, da produção musical à composição de trilhas sonoras para a Disney. A carreira de Phil Collins, que já supera quatro décadas, parece ter de tudo. E suas aventuras renderam incontáveis prêmios (incluindo oito Grammys e um Oscar) e mais de 200 milhões de discos vendidos. Apesar da saúde fragilizada, Collins emocionou 122 mil fãs nos três shows já realizados no Brasil seus primeiros como artista solo no país. Hoje à noite, será a vez de Porto Alegre assistir a esse gigante da música pop mais de 40 anos após dois shows históricos do Genesis no Gigantinho, em 1977.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, Collins apareceu no palco munido de uma bengala e permaneceu sentado durante o show. Suas apresentações têm sido assim devido a problemas na coluna, entre outras limitações, como a perda de sensibilidade nos dedos, que o impedem de ficar muito tempo em pé e também de tocar bateria. Em entrevista a ZH, Collins confirmou que não espera retomar o instrumento com o qual começou a carreira, no Genesis:

- Não consigo. Minha mão esquerda não responde bem, meu pé direito também. Se eu não sou capaz de tocar tão bem como no passado, prefiro não tocar nem um pouco.

Mas Collins garante que os problemas não impactam o show. E as críticas das apresentações no Brasil (leia mais na página 3) indicam que a força de seus hits e a potência da voz têm compensado a falta de mobilidade. Além disso, o músico de 67 anos se apresenta na companhia de uma banda numerosa: dois guitarristas, baixista, tecladista, percussionista, quatro vocais de apoio e naipe de sopros. Seu filho Nic Collins, de 16 anos, é o baterista.

O show, com cerca de 1h40min de duração, traz uma sequência de hits, abrindo com Against All Odds (Take a Look at me Now) e Another Day in Paradise. O Genesis é lembrado com Throwing It All Away, Follow You Follow me e Invisible Touch. Outro momento esperado pelos fãs vem com In the Air Tonight, sucesso que fez a carreira solo de Collins decolar, com o disco Face Value, em 1981.

CANTOR DIZ QUE SENTIA FALTA DOS APLAUSOS


A turnê leva o mesmo título da autobiografia de Phil Collins, que acaba de chegar às livrarias brasileiras: Not Dead Yet ("ainda não morri", traduzida como Ainda Estou Vivo). As duas iniciativas foram lançadas em 2016, quando Collins retomou a carreira interrompida com sua aposentadoria, anunciada em 2011, período em que lutou contra o alcoolismo. O músico conta na autobiografia que, ao longo dos anos 1980, jamais se viciou em drogas ou tocou embriagado. Fazia sucesso tanto com o Genesis quanto como artista solo. O vício era no trabalho, e isso lhe custou três casamentos e o convívio com os filhos - mas aposentar-se fez mais mal do que bem.

- Quando me aposentei e não tinha coisas para fazer todos os dias da forma como tinha antes foi aí que o problema começou. Especialmente quando eu e a minha família nos separamos. Isso lhe dá muito tempo e não muito o que fazer. Hoje em dia posso tomar um drinque ou dois.

Uma das pessoas a trazê-lo de volta aos holofotes foi Adele, que o convocou para compor músicas ao seu lado para o álbum 25, e o seu próprio filho, Nic, que o impressionou como baterista. O garoto é até mesmo cotado para participar de uma reunião do Genesis.

- É engraçado porque Tony (Banks, tecladista do Genesis) veio nos ver tocar no Albert Hall, em Londres, e Mike (Rutherford, baixista e guitarrista do Genesis) também. E ambos amaram o jeito de Nicholas tocar. Eu lembro de dizer a eles que, se o Nic pudesse tocar bateria conosco, talvez pudéssemos fazer algo juntos. Não sei. Mas tudo é possível.

Essa sensação de possibilidade contagia Collins, que admite ter sentido "falta dos aplausos":

- Não estou morto ainda, vêm mais coisas por aí, e vamos ver o que é isso - completa, referindo-se ao título da turnê e do livro.

luiza.piffero@zerohora.com.br - LUIZA PIFFERO