segunda-feira, 20 de janeiro de 2025



20 de Janeiro de 2025
EM FOCO - Anderson Aires

EM FOCO

Mesmo com desafios impostos por desastres climáticos e regulamentação, o Rio Grande do Sul segue expandindo a capacidade de gerar energia solar. Em 2024, a potência instalada do setor ultrapassou a casa dos 3 mil megawatts (MW) e avançou 16,73% ante o fim de 2023. Apesar da expansão, o ramo mostra sinais de perda de ritmo diante de acomodação após pico na busca por benefícios em um passado recente.

Para 2025, a tendência é de desaceleração diante de fatores como dólar e juro em alta, aumento do imposto de importação e limitação na liberação de novos pedidos. Mas também existe espaço para crescimento no uso de sistemas com baterias.

Até 10 de dezembro de 2024, a potência instalada da energia solar no RS estava em 3.117 MW. No fim de 2023, o Estado concentrava 2.670,2 MW, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A potência instalada mostra a capacidade que o sistema tem de gerar energia e entregar aos usuários ligados à rede.

O número de unidades consumidoras (UCs) recebendo créditos também apresentou alta. Até dezembro de 2024, o Estado tinha 448.851 UCs. Um ano antes, eram 396.839 UCS. Ou seja, avanço de 13,11%. No modelo de sistema de geração distribuída fotovoltaica, a sobra da energia gerada pela unidade vira créditos de energia solar, que podem ser utilizados pelo consumidor para abater o valor da conta de luz.

A coordenadora estadual da Absolar no Estado e sócia da Solled Energia, Mara Schwengber, afirma que o setor caminha para uma normalização na expansão após o pico observado em 2022. Naquele ano, teve uma explosão na busca por sistemas solares para garantir menos taxação às vésperas de mudança na lei.

Cenário mais desafiador

Para 2025, o setor de energia solar convive com cenário mais desafiador no país e no Estado. Como boa parte dos produtos usados pelo ramo são importados, dólar estacionado na casa dos R$ 6 e aumento na taxa de importação de painéis solares alteram a cadeia de custos e respingam sobre os preços finais.

- As primeiras importações com imposto já chegaram, já se começa a perceber aumento de preços neste ano. Mas não vai voltar aos patamares de valor que a gente já teve no passado. Deve ainda ficar muito distante disso, porque o custo do produto baixou muito - diz Mara Schwengber, da Absolar no RS.

Outro entrave está no âmbito da regulamentação. Normas federais que tratam sobre a inversão de fluxo determinam que áreas não podem gerar mais energia do que consomem. Essa limitação segue travando novos empreendimentos, diz Mara.

Aline Pan, professora do curso de Engenharia de Gestão de Energia da UFRGS, também cita que essa limitação deve ser o maior freio para o setor. O problema afeta todos os portes de consumidores, mas penaliza mais os que têm menos estrutura, aponta. Mara afirma que, mesmo com todos esses desafios, o setor deve seguir avançando em 2025, mas em ritmo menor. _

Mesmo com a perda de ritmo esperada para 2025, a coordenadora da Absolar, Mara Schwengber, projeta que os sistemas híbridos, com uso de baterias, devem puxar o avanço do setor. Mara afirma que os custos para instalar esse tipo de tecnologia estão menores na comparação com um passado recente, abrindo espaço para os usuários melhorarem o retorno do investimento:

- Hoje, por exemplo, o sistema híbrido com bateria para uma residência, um inversor mais um módulo de bateria que vai atender a cargas primárias, não toda casa, mas vai atender as principais cargas, a gente fala num payback (retorno do investimento) igual a lá em 2022, 2023, sem bateria. Então, com a redução do preço das baterias e dos equipamentos de energia solar, a gente consegue hoje uma viabilidade econômica desses projetos.

Já a professora Aline Pan, da UFRGS, entende que os preços das baterias ainda seguem elevados, o que torna essa alternativa uma solução mais viável para clientes com maior poder aquisitivo e que precisam proteger o sistema.

A coordenadora da Absolar afirma que muitas empresas que trabalhavam com a instalação de sistemas de energia solar fecharam nos últimos anos após a explosão de adesão em 2022. Agora, com a tendência de alta no uso de sistemas híbridos, existe espaço para profissionais mais especializados:

- Quando a gente fala em sistemas híbridos, precisa ter um conhecimento técnico maior, tanto de engenharia, quanto de instalação, porque vai mexer na parte elétrica da casa, da empresa. Não é como o sistema solar, que é basicamente instalado e conectado. Isso também exige mais mão de obra especializada, exige que os profissionais também dominem essas novas tecnologias - diz Mara.

Anderson Aires

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