Projeção de inflação desafia juro e "medidas"
Na semana em que se espera uma nova pancada no juro - está contratada uma alta de 1 ponto percentual amanhã -, a projeção para a inflação acumulada em 2025 subiu pela 15ª semana seguida.
No relatório Focus apresentado pelo Banco Central (BC) com as estimativas da maioria entre mais de uma centena de economistas, o IPCA projetado para o ano aumentou de 5,08% na semana anterior para 5,5% agora. É um dos maiores saltos semanais na projeção, justo depois de dias em que o governo discutiu medidas para tentar frear a alta de preços de alimentos, com resultados pouco convincentes.
Não só toda especulação sobre a adoção de possíveis medidas para moderar a inflação parece ter sido inútil, como até ter provocado efeito contrário. Além de a projeção para 2025 ter aumentado, também subiu a para 2026, de 4,01% para 4,1%.
É inquietante que o mercado continue elevando as projeções para a inflação, mesmo com um choque de juro contratado. O BC reiterou que deve ocorrer nova alta de 12,75% para 13,75% amanhã e outra de 13,75% para 14,75% em 19 de março.
Um dos motivos é o fato de que o aumento do juro leva tempo para fazer o efeito esperado: reduzir o ritmo de crescimento da atividade, desencorajando repasses de preços. O prazo para que a pancada provoque esse resultado é estimado entre seis e nove meses.
Mas como as projeções para 2026 também continuam subindo, é um recado do mercado de que 14,75% é um nível de juro já previsto, porém não suficiente. A mensagem implícita é de que uma mera desaceleração da economia pode não ser suficiente para controlar a inflação, ao menos na visão do mercado.
15,75%
é o topo das estimativas do mercado para a taxa de juro no final do ano. Quem faz apostas nessa órbita não são pequenas instituições financeiras, mas referências como o Itaú Unibanco. Existem sempre os mais otimistas, que projetam até uma forte alta seguida de um novo processo de redução ainda em 2025.
Lá fora, a emergência da DeepSeek, empresa chinesa de inteligência artificial, foi o assunto do dia. Os números chineses derrubaram a tese de que a IA precisará de enormes quantidades de energia e de dólares para funcionar.
Se sair, fusão Azul-Gol concentra 65% dos voos
Caso avance a eventual fusão entre Azul e Gol, 65% dos voos domésticos do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ficariam concentrados em uma única empresa. Conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Azul e Gol dominam cerca de 60% do mercado nacional.
É bom lembrar que a concentração de slots (direito de pousar e decolar de aeroportos) em uma única empresa é um dos pontos que fazem especialistas considerarem a negociação difícil. As informações da Anac são de 2023 para evitar possíveis distorções provocadas pela enchente, que manteve o Salgado Filho desativado por quase seis meses.
No aeroporto Hugo Cantergiani, de Caxias do Sul, a empresa que pode surgir a partir da fusão entre Azul e Gol teria 75% de participação em voos domésticos. Em Passo Fundo, o grupo concentraria 66% das opções. Como a Latam tem pouca atividade em Pelotas, a negociação criaria uma gigante responsável por 96% das operações no sul do Estado.
A Azul afirma ter assinado, com a controladora da Gol, um "memorando de entendimentos (MoU) não vinculante para alinhar termos e condições para potencial combinação de negócios". Não vinculante quer dizer que não é definitivo. As tratativas podem evoluir até desembocar na união, ou parar no meio do caminho.
Para os consumidores, a possibilidade tem duas leituras: fortalece uma companhia com capital nacional, mas estreitaria ainda mais as já escassas escolhas de quem compra passagens aéreas. _
Vaivém no dólar por ameaças de Trump
O dólar fechou ontem com variação para baixo de 0,1%, em R$ 5,912. Havia começado o dia em alta ainda com o aumento de tensão, no final de semana, com a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar o imposto de importação de produtos da Colômbia, que ensaiou recusar receber imigrantes ilegais deportados.
A cotação mais trocou de sinal do que variou ao longo do dia, mesmo depois que ficou claro o recuo da Colômbia e a consequente retirada da intimidação. O caso ilustra à perfeição o diagnóstico de que Trump, como avisou, vai usar a política comercial como forma de impor suas políticas.
Como traduziu o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral em entrevista à coluna, Trump usa a imprevisibilidade como mecanismo de pressão. Para o Brasil, é crucial, porque o vaivém tem impacto direto no câmbio, que por sua vez condiciona a inflação.
Na sexta passada, outra manifestação da tática veio com sinal de acerto entre o governo Trump e a China. No Brasil, o dólar chegou a descer à mínima de R$ 5,867, mas o ensaio de medidas do governo Lula para conter a inflação foi visto com desconfiança e a cotação teve só variação para baixo. _
Rede nascida no Litoral quer somar cem unidades
Quatorze anos depois de abrir sua primeira lanchonete decorada com temas relacionados a floresta em Capão da Canoa, no Litoral Norte, a Mundo Animal prevê chegar a cem unidades neste ano.
Atualmente, a rede é composta por 90 restaurantes distribuídos pelo país, entre lojas próprias e franquias. Conforme projeção da M&A Franchising, franqueadora da Mundo Animal, para este ano estão previstas 12 novas unidades.
- Queremos reforçar nossa atuação nos 15 Estados onde já estamos presentes. O plano da rede é que estejamos em todos os Estados, mas não sabemos se será possível ainda em 2025 - afirma o diretor-executivo da M&A Franchising, Jackson Oliveira.
Outra aposta da franqueadora para este ano é a expansão das empresas de alimentação focadas em telentregas criadas em 2024. São as dark kitchens (cozinhas que só preparam alimentos para delivery, sem restaurante físico) IssoQueÉComida!, SaborDia, FizzBurguer, Meliê Sobremesa e Massabene.
A projeção é que, até o final deste ano, 90% das unidades da Mundo Animal incorporem a operação dessas marcas digitais que, segundo a empresa, têm registrado taxas de crescimento aceleradas.
Esses planos dependem de a M&A alcançar sua meta, de aumentar as vendas da rede em 30% neste ano.
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