sexta-feira, 24 de janeiro de 2025


Trump freia dólar, mas efeito é limitado

O dólar fechou abaixo de R$ 6 pelo segundo dia seguido, e brasileiros já sonham com a volta a patamares mais amenos. Ontem, a cotação chegou a cair forte, mas encerrou o dia em R$ 5,926, de volta à variação para baixo de 0,34% ante a véspera. Mas economistas advertem que não há muito espaço para queda cambial mais significativa.

Como na véspera, o efeito é atribuído a Donald Trump. Desta vez, não por omissão - a falta de anúncio de aumento de tarifas -, mas por palavras. Em participação online no Fórum Econômico Mundial, em Davos, ele disse que vai pedir ao Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) para baixar o juro "de imediato". Pouco depois, o dólar alcançou a mínima do dia, em R$ 5,878, com queda superior a 1%. Mas não durou.

O entusiasmo pode ter sido limitado porque o mercado sabe que o Fed, como o Banco Central nacional, é independente. Até fez uma "fezinha" na capacidade de pressão de Trump, mas acabou percebendo o excesso de entusiasmo.

Aliás, como ele disse, ainda, que vai pedir à Arábia Saudita e à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que reduzam os preços da matéria-prima, a cotação caiu mais de 1% à tarde.

No final de 2024, dois fatores se combinaram para levar o dólar a R$ 6 e além: a expectativa de vitória de Trump e a crise de credibilidade da política fiscal do governo Lula. Uma das principais fontes de pressão cambial era a ameaça de Trump de elevar tarifas (impostos de importação) para entrada de produtos estrangeiros nos EUA. Como nada ocorreu até agora, esse fator está saindo de cenário.

A causa interna - a percepção de risco fiscal do Brasil - continua presente, o que limita as projeções de queda do real. Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Pine, avalia que houve "exagero" no efeito manada do ano passado.

- Não quer dizer que o mercado não estava certo ao aumentar a percepção de risco fiscal. O mercado serve para isso, para colocar preço na incerteza. Mas houve exagero, com depreciação do real muito além da piora nos fundamentos. O fundamento do setor externo continua em lenta deterioração, no fiscal é mais rápida, com sinalização ruim do governo. Mesmo assim, houve exagero - diagnostica. 

0,1%

do PIB deve mesmo ser o resultado do déficit primário em 2024, conforme a Instituição Fiscal Independente (IFI). Esse é o dado para efeito de cumprimento da meta de déficit zero, que tem margem de tolerância de até 0,25% do PIB. O déficit "real", que inclui gastos do governo federal com a enchente no Rio Grande do Sul e com queimadas no centro- norte do país, deve ficar em 0,4% do PIB, ou cerca de R$ 40 bilhões.

Sem qualquer necessidade, o governo Lula criou novo suspense. Desmentiu que vá mudar as regras de prazo de validade de alimentos, e agora voltou à rotina de reuniões diárias para tentar achar formas de baixar a inflação.

Mais crédito faz crescer o cooperativismo no RS

As cooperativas gaúchas devem registrar crescimento médio de 6,9% em 2024. O resultado é puxado pelo aumento de concessão de crédito, sobretudo para compensação de perdas sofridas por estiagem.

Em termos nominais, o cooperativismo gaúcho espera faturar R$ 92,3 bilhões no período. Até 2030, a previsão é alcançar R$ 150 bilhões.

- O ano de 2024 teve três partes. Na primeira, grande estiagem. Depois, a enchente. E, por último, a retomada. Crescemos sem descuidar do nosso compromisso de promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atuamos - afirma o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann.

Ainda conforme o executivo, a Ocergs entregou "toneladas" de alimentos, produtos de limpeza e itens básicos na enchente em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

O conselheiro do Sistema Ocergs e presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, observa que as cooperativas de crédito foram as maiores repassadoras do Pronampe no RS depois da enchente. O Sicredi, por exemplo, foi o maior operador financeiro da linha do BNDES para reconstrução. Port avalia que o cooperativismo de crédito é parte fundamental da retomada de negócios afetados pela enchente:

- Conseguimos atenuar os efeitos da enchente com a atuação das cooperativas, que tiveram acesso a todas as linhas de crédito do governo federal. Vários dirigentes foram atingidos ou ficaram desabrigados. Eles viram a dificuldade dos associados, e isso permitiu uma resposta mais rápida e certeira.

Após as dificuldades enfrentadas no período da pandemia, o ramo da saúde estima avanço de 11% em relação a 2023. Segundo o presidente do Instituto Unimed/RS, Alcides Mandelli Stumpf, o setor superou as dificuldades:

Em torno de 85% de nossos planos são empresariais, convênios que as empresas têm com as cooperativas de saúde. Como houve aumento do número de pessoas contratadas com carteira assinada, aumentou o nosso montante de conveniados. _

Gaúcha vende 10 milhões de ingressos

Com atuação em jogos de futebol, festivais e eventos de negócios, a ElevenTickets, plataforma desenvolvida pela Imply, empresa de tecnologia de Santa Cruz do Sul, obteve recorde em 2024: vendeu cerca de 10 milhões de ingressos.

No mercado do Brasileirão, a empresa tem 31% de participação. Em 2024, teve contribuição para realização de 424 jogos em 18 campeonatos. Atende 19 clubes e seleções, incluindo Grêmio e Flamengo, além de eventos, como Natal Luz de Gramado, Festival de Cinema de Gramado e Expointer.

Tri, não bi

Em nota publicada na edição de quarta-feira, a coluna tropeçou nos zeros à direita. O endividamento global, claro, está na casa de trilhões, não de bilhões de dólares. Só a dívida dos EUA chega a US$ 36,4 trilhões. É quase um terço da global, estimada em US$ 95 trilhões em 2024 pelo Instituto Internacional de Finanças, que prevê aumento para US$ 130 trilhões até 2028.

Memecoin lançada por Trump sobe e desce

Na sexta-feira anterior à posse, o novo presidente dos Estados Unidos criou uma memecoin, tipo de criptomoeda. A $Trump chegou a subir cerca de 10.000%, depois desinflou para o patamar de 450%. No Brasil, conforme o Mercado Bitcoin, cerca de 50 mil contas operaram com a $Trump, movimentando cerca de R$ 350 milhões.

Conforme relatório de 2024 da Binance, uma das maiores corretores de cripto, as memecoins cresceram 212%. Mas diz que ainda não se sabe se é novo fenômeno financeiro ou só uma piada.

A Binance define memecoins como uma categoria construída não com base em inovação tecnológica, mas no poder da cultura da internet. Seu valor vem da comunidade engajada e de quanto acredita no ativo. É por isso que, em tese, qualquer pessoa pode lançar memecoin. Mas a Binance adverte: significa um experimento de alto risco com psicologia coletiva. _

GPS DA ECONOMIA 

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