27 de janeiro de 2013 |
N° 17325
VERISSIMO
As consequências
Quase um mês depois, e a ressaca
do Réveillon da Dica ainda emite sinais
Já passaram 27 dias desde o
Réveillon na casa da Dica e as consequências da festa continuam a aparecer.
A separação dos Toreli, o pé
quebrado do embaixador, a intoxicação da Sarinha (que continua internada e
jogou pela janela do hospital o vaso de flores que recebeu da Dica, ferindo um
transeunte, que vai processála), o começo de incêndio no apartamento da frente,
a briga a socos na calçada entre os Ponte Carreros e todos os Marciais,
inclusive a dona Ritinha, e a desastrada tentativa de apartar do Santos, que
ainda não achou sua prótese, a viagem, às pressas, da Flavia Leite de Barros
para o Exterior, mandada pela família até que passe o escândalo (embora se diga
que há tapes), o desaparecimento do romeno que ninguém conhecia e que
distribuiu preservativos musicais na festa e a misteriosa mudança de voz do
Negreiros.
O Marcos e a Márcia não foram ao
Réveillon da Dica porque tinham decidido passar o fim do ano em casa, só os
dois, e tentar salvar seu casamento. Discutiriam suas mágoas e reivindicações
abertamente, os podres na mesa, e resolveriam tudo a tempo de abrir o champanhe
à meia–noite e começarem 2013 reconciliados. Marcos foi primeiro.
– Prometo não deixar mais minhas
meias no chão se você prometer não ser tão desdenhosa de tudo.
Márcia sorriu do jeito que tinha,
os cantos da boca descendo em vez de subirem.
– Típico – disse, com desdém.
– Olha aí – disse o Marcos.
– Meu querido, você sacrifica um
mau hábito e pede que eu sacrifique um posicionamento moral!
Às 11h55min, Marcos foi visto na
rua correndo atrás da Marcia para acertá–la com uma garrafa de champanhe. A
Márcia gritando:
– Típico! Típico!
Já o Lineu acordou numa cama ao
lado da mulher do Tales sem que nenhum dos dois soubesse onde estava ou como
tinha ido parar ali. Tentaram reconstituir a noite anterior. O Lineu se
lembrava de estar na sacada do apartamento da Dica, tentando acertar com um
rojão a janela do apartamento da frente, depois não se lembrava de mais nada. A
mulher do Tales se lembrava de estar num carro a caminho de algum lugar.
Lembrava–se das estrelas. Talvez estivesse no teto do carro.
– Houve alguma coisa entre nós? –
perguntou o Lineu.
– Você que dizer sexo?
– Ou coisa parecida.
A mulher do Tales examinou–se.
Estava vestida, mas com uma camiseta do Vasco sobre o longuinho preto. Lineu
também estava completamente vestido, mas com sapatos de salto alto.
Aparentemente, não houvera sexo entre eles. Lineu suspirou, aliviado.
– Você sabe que o Tales e eu
vamos discutir aquela joint–venture esta semana...
– Sei.
– Ninguém precisa ficar sabendo
disto.
– Claro.
Quando passaram pela sala, viram
o romeno maluco atirado no sofá, com a boca aberta. Parecia não estar
respirando. Mas fingiram que não o viram. Foram para a rua e cada um pegou um
táxi e foi se explicar em casa.
– O que que eu faço com isto? –
perguntou a Darlene, uma das empregadas da Dica, mostrando um punhado dos
preservativos musicais que o romeno distribuíra entre os convidados do
Réveillon.
Dica nem olhou. Era a manhã do
dia seguinte. Mesmo que quisesse olhar, não conseguiria virar a cabeça
– Leve para a sua casa – disse.
Darlene sorriu.
– As crianças vão adorar.
Hoje a Dica contou a ultima
consequência da sua festa. Depois de balançar durante três semanas, o lustre da
sala finalmente caíra..
