ELIANE
CANTANHÊDE
Dilma, Lula, a carapuça
BRASÍLIA
- Dilma é criticada no macro e se defende no micro.
No
macro, seu governo fechou 2012 com o pibinho de 1% e abriu 2013 maquiando números,
correndo atrás dos baixos níveis dos reservatórios e segurando o reajuste da
gasolina e das tarifas de transportes. Afinal, há três anos consecutivos a
inflação está fora do centro da meta.
No
micro, como enfatizou Dilma no pronunciamento de quarta, o governo cumpriu a
promessa de reduzir a tarifa de energia elétrica, chegou a índices ainda mais
camaradas do que os anunciados e ainda antecipou a vigência. Além disso, baixou
juros, reduziu IPI, desonerou a folha de pagamentos, ampliou o crédito da casa
própria. E "não faltou comida na mesa, nem trabalho".
O
contraste é principalmente político. Quem critica o macro são economistas,
analistas e jornalistas que não identificam uma política econômica, e sim um
amontoado de medidas pontuais sem rumo. E quem se beneficia do micro são os
cidadãos ou, em última instância, os eleitores. Se é crucial para a Petrobras e
para as empresas estaduais de ônibus praticar preços justos, para os
consumidores o que importa é pagar menos. Entre a Petrobras e a boa vontade do
eleitor, dane-se a Petrobras.
Na
maior parte do pronunciamento, a presidente falou como ex-ministra de Minas e
Energia ferida em seus brios com as brincadeiras de mau gosto de são Pedro. No
resto, a presidente e ex-ministra falou mesmo foi como candidata à reeleição.
Dilma
saiu da defesa e partiu para o ataque. Vangloriando-se de ser do "time
vencedor", disse que "aqueles que são sempre do contra estão ficando
para trás", desdenhou os que trabalham para "desunir ou destruir"
e conclamou os brasileiros a colocar "nossa fé no Brasil acima dos
interesses políticos ou pessoais".
O
pronunciamento foi na quarta e hoje ela estará com Lula. O recado para a oposição,
para a imprensa e para parte da indústria não terá sido também para Lula e
lulistas?