sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


ELIANE CANTANHÊDE

Dilma, Lula, a carapuça

BRASÍLIA - Dilma é criticada no macro e se defende no micro.

No macro, seu governo fechou 2012 com o pibinho de 1% e abriu 2013 maquiando números, correndo atrás dos baixos níveis dos reservatórios e segurando o reajuste da gasolina e das tarifas de transportes. Afinal, há três anos consecutivos a inflação está fora do centro da meta.

No micro, como enfatizou Dilma no pronunciamento de quarta, o governo cumpriu a promessa de reduzir a tarifa de energia elétrica, chegou a índices ainda mais camaradas do que os anunciados e ainda antecipou a vigência. Além disso, baixou juros, reduziu IPI, desonerou a folha de pagamentos, ampliou o crédito da casa própria. E "não faltou comida na mesa, nem trabalho".

O contraste é principalmente político. Quem critica o macro são economistas, analistas e jornalistas que não identificam uma política econômica, e sim um amontoado de medidas pontuais sem rumo. E quem se beneficia do micro são os cidadãos ou, em última instância, os eleitores. Se é crucial para a Petrobras e para as empresas estaduais de ônibus praticar preços justos, para os consumidores o que importa é pagar menos. Entre a Petrobras e a boa vontade do eleitor, dane-se a Petrobras.

Na maior parte do pronunciamento, a presidente falou como ex-ministra de Minas e Energia ferida em seus brios com as brincadeiras de mau gosto de são Pedro. No resto, a presidente e ex-ministra falou mesmo foi como candidata à reeleição.

Dilma saiu da defesa e partiu para o ataque. Vangloriando-se de ser do "time vencedor", disse que "aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás", desdenhou os que trabalham para "desunir ou destruir" e conclamou os brasileiros a colocar "nossa fé no Brasil acima dos interesses políticos ou pessoais".

O pronunciamento foi na quarta e hoje ela estará com Lula. O recado para a oposição, para a imprensa e para parte da indústria não terá sido também para Lula e lulistas?