quinta-feira, 24 de janeiro de 2013



24 de janeiro de 2013 | N° 17322
O NOME: GENOVEVA GUIDOLIN

Genô, uma cidadã do Rosário

Natural de Pelotas, irmã da Congregação São José contabiliza mais de quatro décadas de atuação no colégio do Independência
Sobre os ladrilhos em branco e preto, Genoveva Guidolin caminha como se estivesse em casa. Conhece cada palmo dos largos corredores do Colégio Marista Rosário. Sabe, mais ainda, das histórias da instituição centenária e dos alunos que ocuparam as classes a partir de 1969.

Esse foi o ano em que a irmã da Congregação São José deixou Pelotas, no sul do Estado, para se tornar a primeira mulher a dar aulas no prédio da Avenida Independência. Era um tempo de mudanças, em que a escola se tornou mista e, aos rapazes, se juntaram as meninas no nível hoje conhecido como Ensino Médio.

– Durante o ano, fui a única professora a lecionar. Quando cheguei, olhei aquele monte de homem, todos de paletó, ninguém me cumprimentou. O diretor me perguntou se estava tudo bem, acabei dizendo que sim. Mas não estava, claro.

O que fez com que a religiosa – que anda alinhada em um uniforme de saia azul marinho e camisa branca – ganhasse seu espaço foi a dedicação ao trabalho e o método para lidar com os adolescentes, priorizando o diálogo e não “batendo de frente”. Genô, como é conhecida entre alunos e professores, tem um extensa lista de funções já exercidas no Rosário: lecionou história, geografia, Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e moral e cívica, atuou na supervisão e na orientação educacional, além de ter sido assistente de direção por 25 anos.

Paralelamente, trabalhou no Bom Jesus Sévigné, do qual pediu demissão, apesar dos apelos para que permanecesse, nem que fosse “só para caminhar pelos corredores”. Era necessário mais tempo para o Rosário.

A idade ela não revela, diz apenas já ter passado dos 80. No entanto, como a própria ressalta, “o que importa é a cabeça”. Na segunda-feira, ela estava de aniversário. O Colégio Rosário postou uma homenagem a ela pelo Facebook, que em sete horas colecionava mais de 700 “curtidas” e 160 compartilhamentos.

De todas as lembranças, conta que as mais marcantes são as que dizem respeito à ajuda a estudantes. Enfileira histórias, como a de um ex-aluno que a encontrou na rua e relatou ter deixado as drogas depois das conversas no SOE. Também destaca uma homenagem recebida em 2000, referente aos cem anos dos Maristas no Brasil, ocasião na qual foi uma das nove pessoas que receberam a distinção no Rio Grande do Sul.

Desde 2005, a professora que se distanciou do quadro negro e do giz na década de 1990 atua na Pastoral. Tem a função de auxiliar a direção no que se refere a ex-alunos, celebrações e outras atividades sociais. Genô mantém, na ponta da língua, a resposta para o porquê de ter escolhido o magistério:

– Acho que nasci para ser professora. A irreverência do adolescente me fascina.

*Genoveva Guidolin, professora e religiosa