sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015


20 de fevereiro de 2015 | N° 18079
MARCOS PIANGERS

O corredor de texto do celular

Droga. Corregedor. Não! Co Rê Thor. O Corretor de Texto do Celular. Esse é o título da coluna.

Existe alguma outra invenção da humanidade que, criada para ajudar nossa vida, consegue nos tornar piores e menos produtivos? Ok, vocês vão dizer que o videogame. Ok, o Facebook. Ok, a internet, tá bom, tá bom. Vocês entenderam o que eu quis dizer. O corretor de texto do celular é só mais uma dessas invenções que nos dão a ilusão de que estamos sendo mais produtivos, mas na verdade acabamos perdendo tempo com dosagem. Digo, dosagem! Bobagem!

Não me admira que os emojis façam tanto sucesso hoje em dia. Não há corretor ortográfico para emojis. É uma linguagem que todos entendem, é possível construir frases apenas com os símbolos emojis. O emoji é a língua universal, aquilo que o esperanto nunca conseguiu. A única forma de falar de igual pra igual com minha filha de nove anos e com minha mãe de 60. Ambas adoram usar o emoji de sushi, o que sempre me faz usar o emoji do dinheiro voando.

Se estou quase chegando em casa, mando uma imagem de casinha para minha esposa. E está resolvido. Se ela, por sua vez, acha que devo passar no supreme marcado, digo, supermercado, me manda um emoji de cada item que devo comprar e entendo tudo direitinho. Já combinamos que o sinal para fraldas é aquele cocô simpático. Bendito emoji, que veio nos salvar quando mais precisávamos.

Porque meu amigo não entendia o motivo de não receber ligações de pretendentes até perceber que o celular substituía “beijão” por “bujão”. As meninas ficavam ofendidas. E um outro que tinha o mesmo problema porque toda vez que chamava uma menina de “gatinha” o celular mudava pra “galinha”.

Ou quando o corretor mudou “cheirosa” por “sebosa”. O corretor ortográfico de celulares está comprometido com o fim dos relacionamentos, me parece. Deve ter sido criado pela sua amiga mais invejosa, só pode.

Gostaria de ver um corretor que mudasse automaticamente expressões mais modernas, como g0y ou mlki, para a explicação do que essas expressões querem dizer. Iria melhorar a vida da minha mãe. E um corretor que substitua gírias pelo português casto e correto.


Que substitua “namo” automaticamente por “namorado”, pra evitar constrangimento. Que substitua “bora” por “vamos lá” e “cumpadi” por “compadre”, que isso aqui não é zoeira. Mas quem escreve “zoeira” não sabe o que é ZUERA, como já diziam por aí os internamente. Digo, os internautas. Maldito corredor de teste. Testa. Texto. Maldito corretor de texto. Era isso o que eu queria dizer.