Transformar projeto complexo em tarefas menores é arma contra a procrastinação
15/02/2015 - 02h00
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MARCO ZANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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Eu procrastino, tu procrastinas, ele procrastina. Todos nós, em algum momento, deixamos de lado tarefas importantes e damos atenção a atividades banais, como navegar nas redes sociais.
Pior: 20% das pessoas fazem isso de maneira crônica, segundo pesquisa do psicólogo Joseph Ferrari, da Universidade DePaul (EUA).
De acordo com o professor, "esse tipo de comportamento não tem nada a ver com a dificuldade de gerenciar o próprio tempo ou falta de motivação, mas sim com a ausência de regulação própria".
Em outras palavras, as pessoas que sofrem com isso não conseguem se disciplinar.
A desculpa número um do procrastinador é apontar a ausência de inspiração como motivo para sua falta de produtividade. Essa é a conclusão de Janet Polivy, pesquisadora da Universidade de Toronto, no Canadá.
Ela traz uma má notícia: seu cérebro não vai entrar nos eixos se você esperar ter força de vontade.
A melhor maneira de realizar um grande projeto, por mais tolo que pareça, é simplesmente começar.
Diversos estudos psicológicos sugerem que as pessoas se aproveitam do chamado efeito Zeigarnik, segundo o qual nosso cérebro é impelido a terminar as coisas que já iniciamos, pois ficamos desconfortáveis com tarefas deixadas pela metade.
Para o professor Kentaro Fujita, da Universidade de Ohio, nos EUA, o caminho é dividir os projetos complexos em tarefas menores, para nossa mente estar sempre sedenta por finalizar algo.
FOCO NO QUE IMPORTA
Fujita acrescenta que é importante manter um registro de tudo o que fazemos para termos a real noção de quanto tempo estamos dedicando a cada tarefa.
"Essa regulação nos permite olhar para nós mesmos e verificar se estamos nos esforçando para atingir um objetivo futuro, ou apenas resolvendo problemas do presente de modo automático."
Outra maneira de aproveitar a capacidade máxima de nosso cérebro é cronometrar as atividades do dia a dia e trabalhar de maneira focada por períodos curtos.
Peretz Lavie, do Instituto de Tecnologia de Israel, estudou o comportamento dos maiores violinistas do mundo e mostrou que eles tinham melhor desempenho quando estudavam em sessões de 90 minutos com pausas de 15 minutos.
Além disso, os instrumentistas não trabalhavam mais do que quatro horas e meia por dia, de modo que conseguissem manter o foco nas tarefas que estavam fazendo, com níveis altos de energia para produzir (veja mais dicas nos quadros ao lado).
SER MULTITAREFA FAZ VOCÊ PRODUZIR MENOS
Fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, algo tão valorizado pelos recrutadores nas empresas de RH, pode na verdade ser um grande inimigo da sua produtividade.
Essa é a conclusão da pesquisadora Zheng Wang, da Universidade de Ohio, nos EUA, especializada em ciência cognitiva e do cérebro.
Em artigo sobre o mito do 'multitasking', ela descreve que estudantes costumam demorar 21% mais tempo para ler um texto quando estão conectados a aplicativos de comunicação instantânea.
Além disso, "pessoas acostumadas a trabalhar sempre no modo multitarefa são mais propensas a se distrair com futilidades e, por incrível que pareça, têm pior desempenho ao alternar entre uma atividade e outra".
Por que, então, nos sentimos tão bem ao executar duas tarefas em conjunto?
"Provavelmente é porque fazemos ao mesmo tempo algo tedioso, como lição de casa, e algo excitante, como assistir TV", explica Wang. Uma atividade compensa a outra.
"Esse comportamento nos deixa emocionalmente satisfeitos, mas nos impede de produzir mais e melhor."
Ilustrações Orlandeli/ Editoria de Arte | ||
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