21
de fevereiro de 2015 | N° 18080
NÍLSON
SOUZA
A MARQUINHA
Ô,
David Luiz, a gente podia dormir sem essa! Para quem não sabe do que se trata,
explico já. Para quem sabe, refresco a memória. No jogo entre PSG e Chelsea,
terça-feira, pela Liga dos Campeões da Europa, o brasileiro tentou aplicar o
famoso jeitinho nacional para melhorar o ângulo de uma cobrança de falta por
seu companheiro Ibrahimovic. Aproveitou-se do momento em que o árbitro ajeitava
a barreira e apagou a marca de spray com a mão, redesenhando-a numa posição
mais favorável para a cobrança direta. Não deu em nada, o artilheiro do PSG
chutou por cima.
Mas
está dando o que falar. Com dezenas de câmeras acompanhando cada movimento dos
jogadores em campo, o gesto do zagueiro brasileiro corre o mundo como exemplo
de desonestidade, de falsa esperteza, de tentativa de levar vantagem burlando
regras. E é, mesmo, tudo isso.
Só
que essa não é a principal razão dos 7 a
1 que levamos da Alemanha na Copa, como algumas pessoas insinuam nas redes
sociais. Menos, né gente? Perdemos porque os alemães jogaram melhor, estavam
mais organizados, tinham jogadores mais talentosos e qualificados. Não aceitar
isso também me parece uma tentativa de remover a marquinha para o lado.
David
Luiz fez o que dezenas de jogadores de todas as nacionalidades (inclusive
alemães) fazem a cada jogo quando cobram a lateral fora do lugar, retardam o
andamento do jogo propositadamente, seguram a camisa do adversário quando o
juiz não está vendo, simulam faltas e se aproveitam de erros de arbitragem.
Essas atitudes e muitas outras que não estou citando também denotam
desonestidade, apenas sem a evidência da marquinha branca removida.
Não
as aprovo, é importante reforçar. Nem acho que David Luiz deva ser perdoado
porque muitos outros jogadores também agem assim. O sueco Ibrahimovic, por
exemplo, não se importou em cobrar a falta do lugar alterado pelo brasileiro, e
certamente comemoraria se tivesse marcado o gol. Todos os seus companheiros e
toda a torcida do PSG celebrariam também, isso já é rotineiro no futebol.
Mas
não significa que todos são desonestos, nem mesmo que todos somos corruptos,
como tem gente se apressando em concluir. Nada disso. No futebol mesmo, tem
jogador que treina exaustivamente para cobrar a falta do ponto mais difícil e
resolver, com esforço e habilidade, o que nosso simpático zagueiro tentou fazer
com sua falsa esperteza.