07 de janeiro de 2017 | N° 18735
CARPINEJAR
Elogie a ex para nunca mais voltar
– Olá! – Quem é? – Você pode conversar?
– Quem é? Não identifico o seu número no WhatsApp. Parece estrangeiro.
– Falo do Panamá. – Explicado o número diferente. Quem é?
– Aqui é o namorado da Bianca. – Ela está bem?
– Sim, tudo bem. – Ótimo. O que houve, então?
– Queria saber se ela é confiável. – Por quê? Aconteceu algo?
– Não, ainda não. É que penso em assumir um compromisso sério e não tinha a quem perguntar.
– Como conseguiu meu celular? – Copiei do celular dela.
– É bom que ela não descubra, pois senão você já era. – O quê? Não entendo tudo.
– Olha, não costumo dar recomendações de ex-namoradas.
– É que somos um povo desconfiado.
– Ok, mas se alguém fosse falar com as minhas ex, elas só falariam mal de mim. Ninguém me pouparia. Por isso é ex! Ex é exu sem luz. Se fosse bom, estaríamos namorando até hoje.
– Não compreendo tudo o que está escrevendo. Mas depois procuro no Google.
– Esquece. Bobagem. – Você viveu com Bianca, ela é confiável?
– Sim, muito! É a melhor pessoa do mundo, perfeita para casar e ter filhos, equilibrada, companheira nas horas difíceis, amiga de verdade, compreensiva, cozinheira de mão cheia, jamais implicava, nunca bebia e fazia barraco, não sentia ciúme e me inspirava a viajar e descobrir novos caminhos, cuidava dos meus amigos como se fossem os dela, não me pressionava, não mudava de humor, sempre controlada e constante, uma maravilha de ânimo e otimismo.
– Ela é confiável, por aquilo que vem dizendo, ela é muito confiável.
– Muito! Nós só terminamos porque ela era perfeita demais, estava ficando monótono de tanto que eu a elogiava. Nunca brigávamos, nunca nos desentendíamos, acabamos como irmãos.
– Ah, lamento.
– Já é passado. Ela não era para mim. Estava precisando de alguém como você. Vocês nasceram um para o outro. Parabéns!
– Obrigado! Não imaginava que os brasileiros fossem tão civilizados no amor.
– Somos. O divórcio aqui é um querer bem, uma maneira de homenagear quem nos ajudou.
– Que diferente.
– Boa sorte! E me convide para as bodas de prata, não quero perder.
– Bodas? – Comemoração dos 25 anos de casamento.
– Ah, ainda falta. Só estamos 25 dias juntos. – Ih, passa rápido, nem vai notar. A alegria voa.
– Abraço, meu amigo.
– Abraço!