03
de fevereiro de 2015 | N° 18062
EDITORIAL
ZH
HORA DE PENSAR NO
PAÍS
Com
uma estratégia desastrada de articulação, o governo possibilitou a eleição de
um aliado ressentido para a presidência da Câmara, mas o país não pode ser
punido por isso. A escolha do peemedebista Eduardo Cunha é encarada pela
oposição como a possibilidade concreta de finalmente livrar o Congresso da
submissão ao governo.
Para
os governistas, a derrota é o confronto com a infidelidade de parte das
próprias bases e o fim do controle quase absoluto de aliados no Congresso. Para
a população, o que importa é o aperfeiçoamento das relações entre o governo e o
parlamento.
Até
agora, não há sinais de que isso seja provável, mesmo que, logo depois de
eleito, o novo presidente tenha dito que uma das suas missões é a de assegurar
a governabilidade. O deputado fazia referência às especulações de que, após os
ataques de aliados do Planalto durante a campanha, poderia conspirar contra os
interesses do Executivo de forma sistemática. Disse o senhor Eduardo Cunha que
não guarda mágoas dos governistas e que não marcará sua atuação como
oposicionista ou situacionista, mas pelo bom senso.
É o
que terá de prevalecer na sua gestão, se o próprio eleito deseja reverter
expectativas criadas por um histórico de decisões impulsivas, sempre prontas a
afrontar consensos estabelecidos pelo governo. A defesa dos interesses maiores
da sociedade, e não dos parlamentares, dependerá do equilíbrio entre um
Congresso que pretende ser independente e um governo que terá de respeitar a
autonomia do Legislativo.
A
grande dúvida, que ambos terão de responder da melhor forma, é o que o país
ganha com a nova composição do comando da Câmara e suas consequências.
Executivo e parlamento são desafiados a oferecer a melhor resposta, não a
aliados ou adversários, mas aos cidadãos.