21
de junho de 2014 | N° 17835
VERISSIMO
NA COPA | L.F. VERISSIMO
OS
ASSUSTADORES
Mesmo
que não faça mais nada, a Costa Rica já ganhou o troféu Quem diria? desta Copa.
O país que não tem exército, o que já asseguraria nossa simpatia, caiu numa
chave com três campeões mundiais e não só sobreviveu como prevaleceu. Desta vez
nem Jesus Cristo, que joga com o pseudônimo de Pirlo, salvou a Itália.
Já a
França se juntou à Holanda e à Alemanha como os três times mais assustadores da
Copa, e Benzema se juntou a Robben e Muller como os três melhores atacantes. E
gostei de ver outro baixinho, como o Sterling da Inglaterra, brilhando e
incomodando : o sensacional francês Valbuena, que tem de talento o que lhe
falta em tamanho. Os baixinhos, afinal, não estão extintos no futebol moderno.
SEXO
NA GRANDE ÁREA
Já
contei que fui à minha primeira Copa, a de 1986 no México, como correspondente
da “Playboy”. Não foi fácil. A revista é mensal e a edição em que sairia minha
matéria fecharia antes do fim da Copa, me obrigando a escrever como se soubesse
o resultado, mas às cegas.
Pior
do que isso, no entanto, foi ter que explicar a quem via minha credencial o que
um correspondente da “Playboy” estava fazendo numa Copa do Mundo. Não me ocorreu
a resposta que me ocorre agora: eu estava lá só para cobrir os escanteios, que
é quando o futebol mais se aproxima do sexo.
Na
cobrança de escanteios o que se vê dentro da área é o que se veria numa orgia –
camisetas sendo arrancadas e calções puxados para baixo, dedos entrando no
orifício mais próximo e todos se agarrando. Nem sempre foi assim. A cobrança de
escanteios costumava ser uma confraternização. Os dois times reunidos dentro da
grande área e, enquanto a bola não vinha, conversando, trocando fotos das
crianças etc. A erotização do escanteio é um fenômeno relativamente recente.
Mas
também é por causa do agarra-agarra, que os juízes tentam coibir mas não podem
controlar, que deixou de valer aquela velha máxima segundo a qual “corner” era
meio gol. Em tempos mais inocentes, era. Hoje é tão raro sair um gol de
escanteio quanto alguém sair da grande área, depois de um escanteio batido, sem
estar moralmente comprometido.