30
de junho de 2014 | N° 17845
VERISSIMO
NA COPA
VERISSIMO NA COPA CRAQUES E
CRAQUES
O que define um craque é a quantidade de jogadores
necessária para detê-lo. Por este critério, Neymar é um craque indiscutível.
Ele nunca estará sozinho em campo, terá sempre a companhia de dois ou mais
adversários tentando lhe tirar a bola.
Mas
a definição de craque pode ser dita de outra forma: craque, craque mesmo, é o
jogador que tem sempre dois ou mais marcadores para detê-lo e não o detém.
Neymar não tem passado nesse teste, nesta Copa. A não ser contra Camarões, que
tinha a desculpa de ser Camarões, ele não tem conseguido se livrar do séquito
inimigo.
Muitas
vezes, no segundo tempo do jogo contra o Chile, me vi contando o número de
jogadores de camiseta amarela em campo, porque a impressão era de que vários
deles tinham desistido do jogo e ido para o vestiário, onde estava mais fresco.
E um dos desaparecidos era o Neymar. Que ele é craque todo o mundo sabe. Contra
a Colômbia, Neymar terá mais uma oportunidade de provar que é craque mesmo.
Nas
notas baixas que todo o time mereceu depois do jogo com o Chile – com exceção
do Julio César, que desagravou não só a si mesmo mas o seu homônimo romano e
voltou à vida depois de abatido –, acho que fizeram uma injustiça com o Hulk.
Ele merecia pelo menos um sete e meio. Foi o melhor do Brasil, depois do
imperador, e apareceu nas duas áreas, ajudando na defesa e sendo o nosso
atacante mais perigoso.
E
continua o mistério do sumidouro no meio-campo brasileiro. A troca de inhos – o
Paulinho pelo Fernandinho – não deu certo. Ramires e Willian foram vistos pela
última vez fazendo sinais frenéticos para serem salvos da areia movediça, mas
no fim também foram engolidos. O problema da Seleção não é técnico nem tático,
é geológico. O chão está se abrindo aos pés dos jogadores. Ninguém consegue
ficar de pé no nosso meio-campo!
Vendo
o México dar um susto na poderosa Holanda, ontem, pensei: o que falta ao
Brasil, além de um meio-campo estável, é esse atrevimento mexicano. Essa
confiança, mesmo diante de réplicas de Thor, como são os holandeses, que podiam
vencê-los. Confiança, convencimento, até um pouco de arrogância – é o que nos
falta. E, claro, um Neymar disposto a calar a boca dos seus críticos.