ELIANE
CANTANHÊDE
Direto das Papudas
BRASÍLIA
- Diante da "suruba", como diz o deputado Alfredo Sirkis, ou da "bacanal",
como prefere o prefeito Eduardo Paes, tratou-se com estranha naturalidade o
fato de alianças partidárias serem comandadas ou avalizadas por condenados,
diretamente das prisões.
Da
Papuda, o ex-deputado Valdemar Costa Neto mandou o PR botar a faca no pescoço
da presidente da República: se ela não trocasse o ministro dos Transportes, o
partido é que trocaria... de candidato.
Na
convenção do PT, Dilma foi muito aplaudida ao dizer que "não fica de
joelhos para ninguém". Bastaram quatro dias e lá estava ela de joelhos
para o PR de Costa Neto.
Depois
de ter batido várias vezes a mão na mesa, jurando que não trocaria de ministro,
Dilma acabou se rendendo à pressão não apenas do PR, mas principalmente de Lula
e do PT. Tudo por causa de um minuto e uns segundinhos de TV a mais na campanha
eleitoral.
Foi
assim que César Borges caiu dos Transportes pelas suas virtudes, não pelos seus
defeitos. Técnico sério, Borges tinha a aprovação da presidente e muito
respeito no setor. Seu problema é que não era chegado às "surubas" do
partido.
Do
outro lado, foi do Presídio Ary Franco, no Rio, que o ex-deputado Roberto
Jefferson avalizou que o PTB saísse da base aliada de Dilma e fosse para a campanha
de Aécio.
Um
reluzente pôster de Jefferson ilustrou a convenção que formalizou o apoio ao
tucano, e partidários sorridentes puderam fazer "selfies" junto à foto
do condenado famoso.
Enquanto
Dilma ganha disparado a corrida pelo tempo de TV, Aécio e Eduardo Campos colhem
as dissidências, principalmente do PMDB, para chapas e palanques estaduais.
Ao
largo da "suruba" e da "bacanal", a economia continua
produzindo farto material para a oposição. Em maio, o deficit do governo bateu
recorde e o aumento do emprego formal foi o pior para o mês em 22 anos. Mas
quem se interessa por isso?