28
de junho de 2014 | N° 17843
NÍLSON
SOUZA
OS REIS DA 10
Vi
Pelé jogar, no Olímpico e na Vila Belmiro. Vi Maradona jogar, no Olímpico e no
falecido Sarriá, em Barcelona. E agora vi Messi jogar no Beira-Rio. Já posso
contar que assisti, ao vivo, aos três maiores jogadores de futebol de todos os
tempos, pelo menos para a minha geração. Cristiano Ronaldo e Neymar são apenas
aspirantes a este time.
Pelé,
incomparável para nós, brasileiros, era um modelo completo de craque, que
chutava bem com os dois pés, cabeceava, tinha corpo de atleta e habilidade de
mágico. No dia em que o vi no Olímpico, atravessou o campo fazendo uma tabela
de cabeça com Coutinho e o seu Santos ganhou do Grêmio por 3 a 1. Na Vila Belmiro, tive a
oportunidade de conferir sua despedida num jogo sem graça com a Ponte Preta, 2 a 0 para o Santos, mas os gols só saíram
depois que o rei da camisa 10 já tinha ido embora para casa, chorando de
saudade de si mesmo.
Maradona
não viu a cor da bola no Olímpico. Pouco mais que um garoto, ele atuava ainda
pelo Argentinos Juniors, mas já era considerado um fenômeno. Por isso, fui
vê-lo no amistoso que o Grêmio jogou contra o time argentino, numa noite fria
de junho de 1980. Só que o técnico Valdir Espinosa mandou o volante Victor Hugo
colar no 10.
Cada
vez que a bola era lançada, Victor Hugo simplesmente atropelava Maradona. Ele
só pôde pegar a bola sozinho na saída de jogo para o segundo tempo, quando
driblou meio time adversário e quase marcou o gol. Mas não fez mais nada, e o
Grêmio ganhou por 1 a
0, gol de um dos tantos Leandros que não vingaram no Olímpico.
O
Maradona que disputou a Copa do Mundo de 1982 já era um ídolo consagrado, mas
também não conseguiu jogar contra o Brasil de Falcão e Zico. Conseguiu, isso
sim, ser expulso ao dar um pontapé em Batista. Quatro anos depois, porém, ele
se transformaria no deus da mão vingadora e marcaria o gol mais bonito de todas
as Copas contra a Inglaterra, garantindo quase sozinho o segundo título mundial
dos vizinhos. Lamento não ter visto isso de perto.
Agora
Messi. Cheguei cedo ao Beira-Rio para vê-lo na tarde da última quarta-feira.
Ele joga muito, é talentoso, solidário, eficiente e humilde. Ganha o jogo
sozinho e sequer confere o próprio penteado no telão. Merece o 10. É o rei do
momento.