24
de junho de 2014 | N° 17839
VERISSIMO
NA COPA | L. F. VERISSIMO
IMAGINA NAS
OITAVAS
Aquele
bordão de antes, imagina na Copa, pode ser atualizado. Imagina nas oitavas.
Vamos pegar o Chile, menos mal, mas o time que ganhou de Camarões, ontem, não
deixa ninguém muito tranquilo. Até entrar o Fernandinho, continuávamos a jogar
sem meio-campo. Os próprios jogadores da defesa não confiaram nos companheiros
do meio e passaram todo o primeiro tempo fazendo lançamentos longos para o
ataque, por cima deles. Felizmente, o Neymar estava iluminado.
DOS
SONHOS
A
esta altura do campeonato já dá para fazer uma seleção da Copa, que é a maneira
que comentaristas e palpiteiros – ou seja, a maioria da população brasileira –
têm de realizar seu sonho de ser técnico de futebol e escalar times, mesmo times
imaginários. Numa Copa do Mundo, que reúne os melhores jogadores do planeta,
nossa tarefa é ainda mais difícil.
Alguns
jogadores são indiscutíveis e estão, supõe-se, em todas as listas. Como não
concordar que Ochoa, do México, foi o melhor goleiro até agora e que Thiago
Silva era o único brasileiro que merecia ser escalado até a atuação do Neymar,
ontem? Blind, lateral-esquerdo da Holanda, seria outra unanimidade.
Daí
para a frente, a coisa complica e cada entendido, ou pseudo entendido, tem seu
time, e suas dúvidas. Pirlo, da Itália, tem lugar certo no meu meio-campo, mas
quem seriam os outros? O alemão Tony Kroos, que não erra passe, o ubíquo
Matuidi, da França, que joga no campo todo, o americano Bradley, o chileno
Sanchez?
Você
não pode deixar de escalar um ataque com Van Persie, da Holanda, Benzema, da
França, e Neymar, mas como deixar de fora o Müller, da Alemanha, o Hazard, da
Bélgica, e, meu Deus, o Robben, que talvez seja o melhor deles todos? Ainda bem
que nosso time dos sonhos jamais entrará em campo e nossas escalações
permanecerão, para sempre, hipotéticas. À prova de más escolhas.
CRAQUES
PONTUAIS
O
craque de verdade pode ser apenas pontual: basta fazer uma jogada de craque no
jogo todo para preservar sua reputação. O Cristiano Ronaldo, que passa todo o
tempo se olhando no telão, certamente não gostou do que viu, na partida contra
os Estados Unidos. Estava péssimo. Mas fez uma só jogada de craque, a sua
centrada para o gol de empate de Portugal, para se redimir, e continuar se
admirando. O Messi também só precisou dar um chute sensacional e marcar o gol
da Argentina contra o Irã para justificar sua presença em campo. O craque é
assim: não precisa ser craque sempre. Só na hora certa.