20
de junho de 2014 | N° 17834
VERISSIMO
NA COPA | L. F VERISSIMO
VERISSIMO NA COPA QUEL
SCENARIÔ!
Lembro de um locutor da televisão francesa, durante a
Copa de 1998, que dizia quel scenariô! cada vez que um drama ou apenas algo
inusitado começava a se desenrolar em campo. Qualquer coisa que dê um bom
script merece o entusiasmo dos franceses, mas o nosso locutor exagerava. Tudo,
para ele era um scenariô pronto para ser filmado, o que transformava cada jogo
da Copa narrado por ele, por pior que fosse, num épico.
Não
sei se o francês está acompanhando a seleção do seu país no Brasil. Se ele
estiver, eu gostaria de saber o que ele chamou de “quel scenariô!” com mais
entusiasmo nesta Copa, até agora. A queda da Espanha daria um bom filme, sem
dúvida.
O
ocaso de deuses sempre interessa, e o roteiro poderia interligar o fracasso da
seleção espanhola com a desistência do rei da Espanha, que abdicou em favor do
seu filho. Ao futebol que maravilhou tanta gente e desapareceu em menos de uma
geração o que substituirá? Pela cara do príncipe que assumiu o trono da
Espanha, já se sabe que alguma majestade se perdeu na mudança.
A
quase eliminação da Inglaterra mereceria um “quel scenariô!” Os inventores do
futebol mais uma vez decepcionaram. Mas os ingleses têm uma tradição de não
completarem o que começam. Fizeram a primeira revolução republicana da história
e depois voltaram atrás e restabeleceram a monarquia.
Começaram
a revolução industrial, mas perderam a liderança do mundo capitalista para os
americanos e os alemães, acolheram os primeiros teóricos das revoluções
socialistas que aconteceram em outros lugares e só foram campeões do mundo no
esporte que eles mesmos criaram uma vez, jogando em casa e com suspeitas de
maracutaia. Isso apesar da sua Premier League ser o campeonato nacional mais
rentável do planeta. Sua derrota não chega a ser razão para um “quel
scenariô!”.
Acho
que um “quel scenariô!” merecido seria para a vitória do Uruguai sobre a
Inglaterra, ontem, com dois gols do Suárez, recém saído de uma cirurgia. Um
herói pula da cama para salvar seu país, num jogo que também tem um uruguaio
morrendo, ressuscitando e insistindo em continuar em campo. O único problema é
que seria um roteiro inverossímil.