sábado, 7 de fevereiro de 2015


07 de fevereiro de 2015 | N° 18066
INFORME ESPECIAL | Fábio Prikladnicki

INSPIRAÇÃO

Amanhece na Praia dos Ingleses.

SÓ ACREDITO VENDO

ANoruega é um país tão interessante que até os reality shows de lá têm um teor educativo. É o caso da série Sweatshop, produzida pelo site do jornal Aftenposten, que foi ao ar em novembro de 2014 e tem sido comentada no Brasil nos últimos dias. A ideia é genial: levar três blogueiros de moda as garotas Frida e Anniken e o rapaz Ludvig para conhecer o Camboja, onde são produzidas as roupas de grife que eles usam e recomendam a seus milhares de leitores. A Noruega tem a façanha de estar no primeiríssimo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. O Camboja é o 136º.

É interessante comparar as expectativas dos blogueiros antes de conhecerem as condições das oficinas têxteis de Phnom Penh e as mudanças de pensamento que experimentam depois de conversar com os trabalhadores. No início, Anniken opina que acha OK o trabalho dos cambojanos. “Pelo menos eles têm um trabalho!”, argumenta ela, fazendo pouco caso do fato de eles sentarem em bancos, e não em cadeiras com espaldar, durante o trabalho.

 “Eles estão acostumados com isso. Não usam cadeiras em casa também.” Depois que Anniken experimenta, ela mesma, uma jornada estafante de costura e que entrevista uma trabalhadora jovem como ela, a coisa muda de figura. Começa a achar injusto que uma pessoa passe 14 anos costurando um mesmo tipo de suéter durante 12 horas por dia e que o salário não seja suficiente para levar uma vida digna.

Começa a chorar quando a garota cambojana relata que sua família sempre foi tão pobre que sua mãe morreu de fome quando ela ainda era bebê. “Se aquela menina de 19 anos fosse eu, já teria desistido”, comenta Anniken, no que parece ser a melhor reflexão sobre desigualdade de oportunidades. Quantos Cambojas não temos no Brasil?

Nessa jornada pela vida real, os blogueiros acompanham, a distância, uma manifestação pacífica por melhores condições de trabalho que termina violentamente reprimida pela polícia cambojana. Em conversa com os blogueiros, um ativista reafirma sua crença de que um dia o esforço seja reconhecido. Eles reivindicam um salário de US$ 160 dólares por mês e a libertação de 23 colegas que estão presos. O blogueiro Ludvig conclui: “A verdade é que somos ricos porque eles são pobres. Somos ricos porque uma camiseta custa 10 euros na H&M, mas alguém tem que passar fome para você poder comprá-la”. Tem coisas em que a gente só acredita vendo.?

O QUE VOCÊESTÁ PENSANDO?

O Informe Especial segue, no Twitter, Walter Jr.

RT @WalterJrCarmo: Frase do Dia: de tanto lavar dinheiro, o país ficou sem água.

SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS

No fim de 2013, a fonte O Menino da Cornucópia, que fica no Parque da Redenção, foi restaurada ao custo de R$ 24 mil.

Agora, a obra de ferro fundido, que data do século 19, apareceu sem as mãos e sem a concha por onde jorrava a água.

Foi puro vandalismo, não há qualquer valor comercial nas partes retiradas.


A prefeitura tem a intenção de recuperá-la.