O ERRO NOS GUIA?
As patéticas advertências do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao abrir a conferência sobre o clima, dias atrás no Egito, revelam algo impossível de se esquecer.
"O planeta está no limite máximo de sua resistência. É obsceno que os governos continuem a financiar a destruição dando subsídios e isenções à exploração dos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo", disse ele, em síntese.
Convidado pelo governo egípcio, o presidente eleito, Lula da Silva, deve assistir apenas às sessões finais da conferência climática. Se a assistisse por inteiro, teria ouvido os relatórios em que diferentes ramos de cientistas apontam 2025 como o limite para que a média anual das emissões de gases de efeito estufa atinja o ponto de inflexão e comece a cair.
"Não aprendemos com o passado e, por isso, temos pressa", resumiu o secretário-geral da ONU. Os números da ciência falam por si: de 2010 até 2019, a média das emissões de dióxido de carbono atingiu os níveis mais altos da história da humanidade. Se esses níveis não baixarem drasticamente, ocorrerão brutais ondas de calor, com secas, inundações e tempestades jamais vistas na História.
A cada 0,1ºC de aumento da temperatura, maior o número de mortos por estresses de calor, problemas pulmonares e cardíacos, doenças infecciosas, além das causadas por mosquitos e pela falta de alimentos e fome. Os plantios e colheitas agrícolas serão afetados ainda mais do que hoje.
Será, então, a catástrofe, construída por cada um de nós, enquanto os governantes se contentam com simples retórica, como se as mudanças climáticas fossem resolvidas com palavras, nunca por atos concretos, educando a população.
Basta um número apenas para dar uma ideia do horror. Tão só em 2021, o Brasil despejou na atmosfera 2,42 bilhões de toneladas brutas de dióxido de carbono, ou gases de efeito estufa.
Esse número de terror, porém, foi praticamente desconhecido na disputa pelas eleições de 2022. A defesa do meio ambiente jamais foi tema dos candidatos. No governo Bolsonaro, o meio ambiente (ou a defesa da vida no planeta) sequer mereceu atenção. Agora, oxalá Lula aprenda algo essencial na reunião do clima no Egito para que a longa viagem não se resuma a breve turismo para ver as pirâmides. Os erros atuais não podem nos guiar.
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