sábado, 14 de junho de 2014


14 de junho de 2014 | N° 17828
GOLEADA HUMILHANTE

ONDE ESTÁ A CAMPEÃ?

QUATRO ANOS DEPOIS, holandeses e espanhóis voltaram a se enfrentar em uma Copa do Mundo. Desta vez, melhor para os atuais vice-campeões

Muita coisa muda em quatro anos. Você pode envelhecer em quatro anos. Pode até se tornar senil, como tornou-se a campeã do mundo, a Espanha, que ontem levou 5 a 1 da vice-campeã, a Holanda, na Bahia de Todos os Santos. Xavi, Iniesta & amigos não conseguem mais desenvolver aquele futebol envolvente, de toque preciso, que tonteava os adversários em 2010. Para a Holanda, ao contrário, o tempo foi um irmão. Os mesmos quatro anos passaram para a Holanda, mas, em vez de desgastá-la, fizeram-na igualmente enérgica e mais madura. A Holanda, agora, joga para liquidar o adversário.

Ontem, liquidou.

Aquele ponteiro que corre com os ombros levantados, Robben, ele foi um novo Garrincha, em Salvador. Não: foi um novo Jairzinho, o Furacão da Copa de 70. Robben também se transformou em furacão. Arrancou da grama pela raiz das chuteiras os zagueiros da Espanha, atirou-os para fora da área como se eles fossem bonecos e, na companhia do feroz centroavante Van Persie, construiu uma goleada que vai retumbar pelos tempos imemoriais do futebol.

A ESPANHA SÓ GANHARIA SE FOSSE MESMO ROUBADO

E olha que a Espanha saiu ganhando. O hispano-brasileiro Diego Costa recebeu a bola na área e tentou limpar o lance. Parecia um corte, mas, na verdade, ele escorregou. Teve, porém, a esperteza brasileira de deixar o pé, dando a impressão de ter sido tocado. Não foi pênalti, mas o juiz marcou. Xabi Alonso converteu. Era o terceiro erro grave de arbitragem em três jogos da Copa (os outros foram o pênalti em Fred e um gol anulado do México).

Se fosse pelada de rua, alguém diria que essa Espanha, para ganhar da Holanda, só roubando mesmo. De fato, porque a Holanda, aos poucos, se assenhoreou do jogo e passou a atacar com a genialidade ríspida de uma pincelada de Van Gogh. Foi uma fieira de ataques tão velozes quanto verticais. Aos 43, Van Persie, de cabeça, empatou o jogo. No segundo tempo, aos oito, Robben cortou dois zagueiros dentro da área e fez 2 a 1. Um minuto depois, Van Persie acertou um chute violento no travessão. Aos 17, o trânsfuga Diego Costa foi substituído e saiu de campo vaiado pelos brasileiros ressentidos.

Aos 19, De Brij aumentou, de cabeça. Aos 27, Casillas foi sair jogando, perdeu a bola, e Van Persie marcou o quarto. Foram duas falhas de Casillas no jogo. Aos 34, Robben recebeu lançamento da intermediária defensiva, meteu a bola goela abaixo dos zagueiros espanhóis e ampliou para 5 a 1.


O final do jogo foi constrangedor. A Holanda só não fez mais porque arrefeceu um pouco o ímpeto. Surgiu deste jogo um candidato sério à taça. E outro, que há quatro anos era muito sério, agora é candidato à desclassificação.